O ex-presidente egípcio, Mohamed Mursi, 67 anos, morreu nesta segunda-feira (17) depois de ser vítima de um mal-estar no tribunal.
Segundo testemunhas, Mursi falou diante do juiz por 20 minutos e desmaiou. Ele chegou a ser levado para o hospital, mas não resistiu. Membro do movimento islâmico Irmandade Muçulmana, Mursi se tornou, em 2012, o primeiro presidente eleito da história do Egito.
O ex-presidente chegou ao poder um ano depois da Revolução do Nilo, desencadeada pela Primavera Árabe, que provocou a queda do ex-presidente Hosni Moubarak. Ele foi derrubado pelas Forças Armadas do país em julho de 2013, depois de uma série de manifestações populares. Com sua saída, o marechal Abdel Fattah el Sissi, seu ex-ministro da Defesa, tornou-se presidente do país.
Desde que chegou ao poder, el-Sissi conduziu uma repressão contra a oposição islâmica. Os anos que se seguiram ao golpe do Exército no Egito registravam uma série de ataques contra forças de segurança do governo, com centenas de policiais e militares mortos. Ocorreu também uma insurgência jihadista, principalmente no norte do Sinai.
Mohamed Mursi cumpria pena por ter ordenado a morte de manifestantes em 2012 e por espionagem a favor do Catar, com quem teria compartilhado diversos documentos confidenciais. Hoje (17), ele compareceria a uma outra audiência por conta de contatos suspeitos com o grupo palestino Hamas.
Turquia e Catar
O chefe de Estado turco, Recep Tayyp Erdogan, um dos principais aliados de Mursi, fez referências positivas ao ex-presidente egípcio, o chamando de “mártir”. As relações entre a Turquia e o Egito são praticamente inexistentes desde a sua destituição. “Como vocês sabem, o tirano el-Sissi tomou o poder no Egito acabando com a democracia de uma só vez, executando cerca de 50 egípcios. Ainda assim, o Ocidente continua silêncio”, disse.
O xeque do Catar, Tamin ben Hamad Al-Thani, também declarou “sua profunda tristeza”, depois da morte súbita de Mursi.