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Evair vai comemorar o aniversário do Palmeiras hoje em Limeira

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O Palmeiras completa hoje 109 anos, mas quem receberá o presente é o torcedor limeirense. O ex-centroavante Evair estará na Arena Vitória, à partir das 18h, para uma noite de autógrafos, seguida de um rodízio de pizza. Evair estará acompanhado do ex-meia Lê Franco, com passagens por Inter de Limeira, Colo-Colo (jogou com Valdívia) e Independente.

E Limeira faz parte da história de Evair. Foi contra a Internacional em 1984, no Limeirão, que o centroavante marcou seu primeiro gol como profissional pelo Guarani. O jogo foi válido pela Copa Rayovac.

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“Acertei um belo chute de fora da área. Confesso, nem dormi direito naquela noite. Na base eu jogava como um meia-armador e marcava muitos gols. Quando subi para o profissional, o Edmar foi vendido ao Corinthians e o técnico Lori Sandri me colocou de centroavante no lugar dele. Na hora fiquei feliz, pois não precisava ficar marcando os volantes. Por outro, a cobrança em cima de um camisa 9 é bem maior”, disse em entrevista exclusiva ao Pimba nos Esportes da Rádio Melhor AM e FM.

Antes de jogar no Guarani, Evair foi reprovado no São Paulo. O ano mais difícil de sua carreira foi em 1985, quando por pouco o Bugre não foi rebaixado.

Já em 1986, o Guarani fez uma excelente campanha no Campeonato Brasileiro e segundo Evair, só não foi campeão diante do São Paulo, no Brinco de Ouro da Princesa, porque o árbitro José de Assis Aragão não marcou um pênalti claro em João Paulo no fim da partida. O 3 a 3 levou a decisão para os pênaltis e deu Tricolor. “A gente ia ser campeão, pois eu não erraria aquele pênalti”, frisou. Evair também perdeu a artilharia para Careca por um gol.

Falando em João Paulo, Evair disse que o ponta-esquerda foi seu melhor parceiro de ataque na carreira. E olha que o camisa 9 jogou ao lado de Edmundo, no Palmeiras e do argentino Claudio Cannigia, na Atalanta.
“O João Paulo não sabia fazer gol e isso me ajudava. Ele cavava muitas faltas e pênaltis para mim. Além disso, chegava facilmente à linha de fundo e cruzava na minha cabeça, com perfeição. Fiz muitos gols nessa parceria”, lembrou.

Na entrevista, Evair lembrou de outro drama que passou. Foi quando sofreu um grave acidente de carro voltando de Crisólia, Minas Gerais, sua cidade natal. “Caí com o carro em uma ribanceira. Estava com o Vanderlei, que se machucou muito. Eu sofri um corte na testa e quebrei uma costela. Acabei perdendo os seis primeiros jogos daquele Brasileiro. Mas graças a Deus, voltei bem”, recordou.

Em 1988, Evair se transferiu para a Atalanta, onde virou ídolo. Recentemente, foi até homenageado pelo clube italiano. Foram três temporadas, com 89 jogos e mais de 30 gols.

Foi no Palmeiras que Evair se realizou. Ganhou títulos e o respeito da enorme torcida alviverde. E olha que ele é santista de coração e seus familiares são todos corintianos. “Cresci vendo o Pelé jogar. Meu pai Rui Palomo, que antes era corintiano, virou até palmeirense por minha causa”, sorriu.

Mas o começo não foi promissor no Palmeiras. O técnico Nelsinho Baptista chegou a afastar o centroavante do elenco, alegando “deficiência técnica”. Foi então que Otacílio Gonçalves assumiu e reintegrou o goleador.
Entre os maiores artilheiros da história do Palmeiras, com 127 gols em 245 jogos, Evair marcou um dos gols mais importantes da história do Verdão: o do título do Campeonato Paulista de 1993, em cima do rival Corinthians, saindo de uma fila de 16 anos.

“Marquei o gol de pênalti na prorrogação, diante de 104 mil torcedores no Morumbi. Na hora, confesso, estava muito seguro na minha cobrança. O grande problema é que o Ronaldo tinha sido expulso e o Wilson Macarrão foi para o gol. Eu treinava com ele no Guarani e ele sabia como eu batia. Quando o César Sampaio veio até mim e disse para que cobrar em nome de Jesus, fiquei ainda mais tranquilo. Fui feliz e desloquei o Macarrão para marcar o gol do título”, lembrou.

Sobre a contestada atuação do saudoso José Aparecido de Oliveira naquela final, Evair disse que o árbitro só cometeu um erro: expulsar o zagueiro Tonhão, do Palmeiras. O camisa 9 disse que o corintiano não tem o que reclamar daquela final.

Evair também afirmou que a preleção de Vanderlei Luxemburgo foi a mais rápida que ele presenciou em toda sua carreira. “Ele citou o Viola imitando o porquinho no jogo de ida, quando o Corinthians venceu por 1 a 0. Aquela gozação aumentou a garra do nosso time”, confidenciou.

Evair foi bicampeão paulista em 1993 e 1994, bicampeão brasileiro nos mesmos anos e campeão do Torneio Rio-São Paulo de 1993.

Apelidado de El Matador, Evair só lamenta não ter ido para a Copa do Mundo dos EUA em 1994. “Como pode um centroavante marcar 54 gols em uma única temporada e não ser convocado? Eu participei de todos os jogos das Eliminatórias e na lista final fiquei de fora. Sinto isso até hoje. Cresci sonhando em jogar na seleção”, contou. Vale lembrar que sua figurinha está no álbum daquela Copa. Pela seleção, o goleador foi campeão dos Jogos Pan-Americanos de 1987.

Evair ainda jogou dois anos no Yokohama Flugels, do Japão ao lado de César Sampaio e Zinho e em seguida retornou ao Brasil para jogar no Atlético/MG.
No Vasco da Gama em 1997, voltou a formar dupla de ataque infalível com Edmundo e conquistou o Campeonato Brasileiro. Retornou ao Palmeiras em 1999 para conquistar pela primeira vez a Taça Libertadores da América.

Novamente entrou para a história do clube com um pênalti decisivo convertido contra o Deportivo Cali na final do Palestra Itália. “Eu entrei no jogo e logo saiu o pênalti. O goleiro era o Dudamel. Ele saía muito antes das batidas, o que facilitou minha vida”, sorriu.

Evair elogiou outros batedores de pênalti do Brasil, como Djalminha, Henrique Dourado e Giovane, ex-Vasco. “Perdi alguns pênaltis na carreira sim, mas os decisivos eu converti. Talvez por isso, as pessoas falam que eu não errava pênalti”, confidenciou.

Evair disse que em dado momento da carreira precisou até mudar o jeito de cobrar pênalti. “Antes eu olhava para o goleiro e esperava ele escolher o canto para eu cobrar. Muitas vezes só rolava no canto. Depois de um certo tempo, os goleiros estudaram as minhas batidas e passaram a esperar a bola sair dos meus pés para depois pular. Sendo assim, passei a cobrar somente no canto esquerdo e forte”, contou.

Em 1998, com a ajuda da Federação Paulista de Futebol, Evair foi para a Portuguesa. Ele estava em campo quando o polêmico árbitro Javier Castrilli marcou um pênalti inexistente para o Corinthians, quando a bola bateu no peito do zagueiro César. Com isso, a Lusa ficou fora da final.

Em 2000, foi para o São Paulo, onde conquistou o Paulistão. Se transferiu para o Goiás e depois para o Coritiba, onde em 41 jogos, marcou 15 gols. Teve uma lesão de coluna e precisou passar por cirurgia. Em 2003, jogou no Figueirense, onde atingiu a marca de 100 gols em Campeonatos Brasileiros.

Se arriscou na carreira de técnico, mas não teve vida longa. Sua estreia foi no Vila Nova/GO em 2004. Em seu primeiro trabalho foram 33 jogos, com 14 vitórias, 9 empates e 10 derrotas.

Comandou também Anápolis, CRAC, Itumbiara e Uberlândia, todos em Minas Gerais, além do River/PI. Na base da Ponte Preta sofreu pressão por ter uma vida ligada ao Guarani.

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