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Especialista do Inca alerta para os riscos da fumaça das queimadas à saúde: câncer de pulmão é o principal perigo

Foto: Fabio Rodrigues-Pozzebom/ Agência Brasil

A fumaça gerada pelas queimadas, que têm devastado grandes áreas do Brasil em 2024, pode causar graves problemas de saúde, especialmente a longo prazo. A epidemiologista Ubirani Otero, do Instituto Nacional de Câncer (Inca), destacou que a exposição contínua à fumaça está diretamente ligada ao aumento de casos de câncer, principalmente no sistema respiratório, como o câncer de pulmão.

A especialista explica que a fumaça proveniente dos incêndios contém inúmeros compostos químicos prejudiciais à saúde, como monóxido de carbono, metais pesados e hidrocarbonetos. A exposição a esse material particulado é cancerígena, e os efeitos mais graves podem demorar décadas para se manifestar. “Os impactos dessa poluição de hoje para o câncer podem ser percebidos em 20 a 30 anos”, alerta Ubirani.

Além do câncer de pulmão, a fumaça das queimadas pode desencadear doenças respiratórias agudas, afetando principalmente crianças, idosos e trabalhadores expostos diretamente às chamas, como os bombeiros. Esses profissionais precisam de equipamentos de proteção adequados para evitar os efeitos nocivos da fumaça.

Dados do Monitor do Fogo Mapbiomas mostram que, entre janeiro e agosto de 2024, os incêndios florestais destruíram 11,39 milhões de hectares no Brasil, sendo 5,65 milhões apenas em agosto. A situação levou à criação de gabinetes de crise em estados como São Paulo e Rio de Janeiro, onde as queimadas atingem áreas pouco afetadas historicamente, como a Serra dos Órgãos.

A Polícia Federal também investiga se há indícios de ações criminosas coordenadas por trás desses incêndios. A gravidade do cenário levou o governo federal a marcar uma reunião entre os chefes dos Três Poderes para discutir medidas emergenciais.

Recomendações de proteção

A epidemiologista do Inca sugere que as pessoas evitem sair de casa nas áreas mais afetadas pela fumaça e tomem precauções como o uso de máscaras, ingestão de bastante água e lavagem nasal. Ela também defende a suspensão temporária de aulas em regiões críticas para reduzir a exposição das crianças, que são mais vulneráveis aos efeitos da fumaça.

Acúmulo de fatores de risco

Ubirani Otero destaca que a fumaça das queimadas é tão prejudicial quanto o tabaco, e a combinação de múltiplos fatores de risco pode elevar as chances de desenvolver câncer. “Para um fumante, o risco de câncer, que já é dez vezes maior, pode se multiplicar ainda mais quando somado à exposição à fumaça das queimadas”, adverte.

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