Nesta época passa um filme em nossas cabeças, de nós, pais, não? Lembramos de como eram bebezinhos, pequeninos, dos primeiros passos, as primeiras palavrinhas, lembramos do primeiro dia de aula, dia que, efetivamente, sentimos o coração batendo fora do peito, mais precisamente na escolinha, junto com nossos amores.
Lembramos das primeiras lições e palavrinhas, das continhas, dos amiguinhos que fizeram, das afinidades, das briguinhas, dos desentendimentos, da construção de vínculos sólidos e saudáveis.
Lembramos das provas, dos estudos, das festinhas de aniversário, dos trabalhos, das maquetes, das feiras de ciências, de toda a dedicação deles.
Os médicos, as febres, os tombos, aquele braço quebrado, aquele joelho ralado, depois na adolescência, aquele coração partido, com a primeira desilusão amorosa, ou aquela briga com amigos, aquele choro sentido, aquela tristeza que nos corta o coração. Que vontade de pegar no colo de novo, que difícil é o tempo que passa.
Como diz a canção: “É que a gente quer crescer, e quando cresce quer voltar do início, orque um joelho ralado dói bem menos que um coração partido, É que a gente quer crescer, e quando cresce quer voltar do início, porque um joelho ralado dói bem menos que um coração partido (…)”.
Mas eles vão, vão superando cada coração partido, cada Teorema de Pitágoras, cada desentendimento, cada questão complexa de Oração Coordenada Sindética Explicativa, vão construindo amizades sólidas, vão solucionando problemas de velocidade média, vão direcionando suas decisões profissionais, vão nos explicando sobre briófitas, pteridófitos, gimnospermas e angiospermas, sim, vão crescendo, dominando a Tabela Periódica, fazendo redações maravilhosas, demonstrando maturidade e poesia para compreender José de Alencar, vão se tornando críticos para compreender nossa história e vão compreendendo a importância da geografia…
Neste processo vão crescendo e tornando-se jovens estudiosos, dedicados, decididos, empenhados. Vão nos enchendo de orgulho. Sabemos que irão voar, alçar voos lindos e lineares, mas voos altos e sem volta. Nossos bebês se tornaram jovens!
E não podia ser diferente: é chegado o dia do vestibular. Momento solitário, avaliação complexa, chance da tão sonhada vaga. Terão algumas horas e algumas questões para mostrarem todo o conhecimento que construíram, junto de seus mestres. Estarão solitários ali na sala de prova e nós, pais, estaremos com o coração apertado, mas confiantes, estaremos felizes, mas cientes que o voo não tem volta, estaremos doidos para vê-los sair da prova e abraça-los, sabendo que é um abraço em um jovem em início de construção de carreira de uma vida brilhante e linda!
Encerro com o convite a reflexão do sempre incrível Rubem Alves: “Amar é ter um pássaro pousado no dedo. Quem tem um pássaro pousado no dedo sabe que, a qualquer momento, ele pode voar.” Rubem Alves
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