A Organização Pan-Americana da Saúde (Opas) alerta para o problema das fake news (notícias falsas) sobre saúde que circulam em redes sociais e aplicativos de mensagens, muitas vezes desencorajando as pessoas a tomar vacinas. Especialista em imunização da entidade, Lely Guzman ressaltou que a Opas está ajudando o governo brasileiro e frisou que a principal medida para impedir a introdução e a disseminação de vírus como o do sarampo é a vacinação. “Especialmente na América Central e do Sul, não há muita influência dos movimentos antivacina, mas as informações falsas são motivo de preocupação. Por isso, a comunicação social, a ampla divulgação de informações com base em evidências, é muito importante.”
“Todas as doenças são foco de preocupação constante”, completou a especialista. “Mas algumas representam risco de propagação internacional, principalmente em caso de surtos.” Este ano, segundo Lely Guzman, foram publicadas atualizações para sarampo, febre amarela, malária, difteria, influenza (gripe) e pólio.
No caso do sarampo, vários alertas foram emitidos desde 2017. “Na época em que anunciamos que a América foi declarada livre do sarampo (a primeira região do mundo em que isso aconteceu, em 2016), a Opas e o Comitê Internacional de Peritos para a Eliminação do Sarampo e da Rubéola recomendaram a todos os países das Américas que fortalecessem a vigilância ativa dos casos e mantivessem a imunidade de suas populações por meio da vacinação, porque o sarampo continuava e continua circulando amplamente em outras regiões do mundo.”
Erradicação
De 2016 para 2017, a cobertura vacinal dessa doença caiu drasticamente no Brasil, por exemplo. Ainda assim, a especialista explica que, do ponto de vista técnico, o sarampo continua erradicado das Américas, embora casos já tenham sido registrados em 11 países – Antígua e Barbuda, Argentina, Brasil, Canadá, Colômbia, Equador, Estados Unidos, Guatemala, México, Peru e Venezuela. “A condição clássica para um país ou região restabelecer a transmissão endêmica do sarampo ou da rubéola é que o vírus, do mesmo genótipo e linhagem, tenha circulado por mais de 12 meses no território”, explicou. “Depois desse período, o país ou região perderia o certificado de eliminação.”