Durante os dias que passam, as coisas ocorrem e vamos deparando-nos com atitudes, com ações, com falas de algumas pessoas que nos estarrecem e nos fazem questionar o que está ocorrendo com o mundo ao nosso redor. Eu vou além em meu questionamento, pergunto: Se continuarmos assim, onde vamos parar?
Assistimos atônitos, cães filhotes doentes sendo jogados fechados em caixas, em caçambas de lixo, por pessoas ‘do bem’ e ‘idôneas’.
Ouvimos as mais bizarras histórias de filhos judiando de seus pais idosos, porque esses ‘esquecem’ as coisas, são ‘teimosos’ e causam ‘transtorno’ à família.
Ficamos sabendo de crianças judiando de outras em colégios e pais se omitindo, preferindo achar que isso é irreal, que não existe, não corrigindo, tentando as piores artimanhas para que seus filhos não sejam consequenciados de suas más ações.
Somos atropelados por pessoas que recebem a ajuda, ‘os favores’, usam a amizade que lhes é dada e na primeira oportunidade devolvem com ‘traição’, maldade e descaso…
Hoje em dia, cada um cuida do seu e resolve o seu problema. Se o outro tiver um problema, se o outro estiver em uma situação delicada ou se o outro estiver precisando, isto é solenemente ignorado.
Carl Rogers, afirma que “Ser empático é ver o mundo com os olhos do outro e não ver o nosso mundo refletido nos olhos dele”.
Mas nós, ao longo dos tempos, esquecemo-nos da empatia, a massacramos, jogamos fora, não mais nos colocamos no lugar do outro, para tentarmos entender como se sente, ao contrário, enfiamos goela abaixo nossos desejos, vontades, nosso querer e que se dane o outro! Nosso mundo é o que vale, nosso desejo é o que conta! Somos assim hoje em dia! Dizemos (e pensamos): “Você está com problemas graves? Tudo bem, mas tem como me dar aquela carona? Tem como ver aquilo que te pedi?”. “Um ente seu morreu, está doente, mas você pode resolver esse mísero problema superficial que te apresento?”. A vida alheia passou a ser besteira, bobagem, a ser de menos. A dor alheia passou a ser idiotice… O que vale é nosso umbigo.
Não somos mais gratos, como dizia Benjamin Constant: “A gratidão tem memória curta”. Recebemos carinho, afeição, amizade, ajuda, cuidado e esquecemos no minuto seguinte. ‘Sem dó ou piedade’.
Estamos vivendo em um mundo em que meu desejo é meu guia, meu mundo, minha vontade deve ser atendida, ainda que alguém esteja ‘morrendo’ ao lado.
A reciprocidade inexiste.
Agora, retomo a pergunta inicial: Onde vamos parar, caso continuemos assim? Que mundo nos espera, se estamos criando e educando crianças com estes exemplos?
Se passamos a usar as pessoas, se as descartamos, se damos zero valor à vida, se somos egoístas 80% do tempo, o que esperamos encontrar em 10 ou 15 anos?
Finalizo com uma reflexão importante: “Somos um para o outro colaboradores numa perfeita reciprocidade. “Nossas perspectivas fundem-se uma na outra e coexistimos através de um mundo em comum.” Mearleau-Ponty