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E não é que a velocidade dos dia-a-dia nos pegou novamente?

“Mesmo quando tudo pede um pouco mais de calma, até quando o corpo pede um pouco mais de alma. A vida não para. Enquanto o tempo acelera e pede pressa, eu me recuso faço hora vou na valsa. A vida é tão rara (…) E o mundo vai girando cada vez mais veloz.

A gente espera do mundo e o mundo espera de nós. Um pouco mais de paciência (…)”…

E chegamos ao final de mais um ano! Parece que a cada ano que passa, mais rápido passam os meses, mais rápido somos atropelados por nosso dia-a-dia, menos tempo temos para cumprir as promessas que fizemos no final do ano que passou, menos conseguimos estar com nossos familiares e amigos, menos tivemos dias de folga total, aqueles dias de ‘preguiça de tudo’, dias de nada fazer…

Passamos o ano trabalhando muito, sendo engolido por contas a pagar, trabalho a fazer, metas a cumprir, horários rígidos. Passamos muito tempo no trânsito, muito tempo no trabalho, muito tempo online, muito tempo resolvendo coisas inadiáveis e enquanto isso, ao nosso lado, nossa família nos espera, ficamos menos com eles, rimos menos com nossos filhos, acompanhamos ‘a toque de caixa’, algumas vezes seus progressos e para que?

Por que, ano após ano, nos pegamos prometendo um pouco menos (‘que é para dar para cumprir, né? ’) e ano após ano, nos vemos chegar nesta época e querer esquecer de conferir se deu tudo certo, se conseguimos cumprir tudo.

Na verdade, a bem da verdade é que sabemos com certeza: não cumprimos! Não fizemos caminhada, não tiramos um dia só para a família, de tempos em tempos, sem trabalho, telefone, wifi, 4G e etc, não corremos menos, não nos organizamos mais, não jantamos e dormimos mais cedo ao menos dois dias na semana, não, não, não … Sabemos que fracassamos, infelizmente! E temos as desculpas perfeitas, ops, as justificativas adequadas: ‘os preços estão pela hora da morte’; a correria nos obriga a fazer mil coisas ao mesmo tempo; áh, não se pode deixar chefe/cliente/funcionário sem resposta no whatsapp; até ia dormir mais cedo, mas precisei abraçar um novo projeto; até ia ficar com a família, mas tudo é corrido, eles compreendem…’

Belas e previsíveis desculpas!
Dezembro bate à porta: “Toc, toc, cheguei!”, diz ele pontual, com as primeiras árvores de Natal sendo montadas, com os Papai Noéis já sendo presentes nas lojas e supermercados, com as famílias fazendo planos para as ceias, com as confraternizações das empresas começando a ocorrer… “Áh, passou rápido demais”, uns dizem, “Voou”, outros dirão, mas a grande verdade é: Passaram-se os doze meses, como de costume. E nós, estamos passando a nos acostumar com um ano em que deixamos muito passar, em que a família não fica em primeiro plano, a saúde não é lembrada, não há tempo para ver os amigos com frequência.

Te pergunto: Que estamos construindo ano a ano? Será que estamos felizes? Será que nossos filhos se sentem felizes com o tempo que dedicamos a eles? Será que nossos amigos não precisariam um pouco mais de nós? Nossa saúde está boa (nossa alimentação saudável, exercícios regulares e tempo de sono adequado) ?

Fenando Pessoa nos dá um nó com uma de suas reflexões profundas, verdadeiras e simples: “O próprio viver é morrer, porque não temos um dia a mais na nossa vida que não tenhamos, nisso, um dia a menos nela. ”.

Áh, Pessoa, para com isso! Não faz assim, não nos faz trombar com essa verdade, ‘tão verdadeira’, sem nos dar a receita de como resolver tudo!

Mas espera! Temos nós mesmos as receitas!! Todo ano, ano após ano, nos pegamos fazendo nossa listinha, que transformaria nosso tempo em tempo bem vivido, em um ano de metas cumpridas, em um ano de amor em família, de muitos cafés com os amigos, de atenção à saúde e, portanto, de estarmos atuando de forma a prevenir as doenças a que somos acometidos…

Então te convido: Vamos aproveitar esta época de Natal, esse mês lindo, que decoramos nossas casas, que montamos nossas árvores, que nos alegramos a cada ‘Papai Noel’ que vemos, que nossos corações estão aquecidos e mais ‘moles’ e não façamos planos, não, comecemos já, de cara, sem delongas a fazer acontecer!

Vamos chamar as crianças e montar com elas a árvore e colocar as luzes e decoração na casa. Vamos marcar aquele café divertido com os amigos, vamos começar a nos exercitar: pode ser uma caminhada no condomínio, andar de bicicleta com os filhos, jogar bola com o pessoal do trabalho, aquela aula de dança com as amigas.

Vamos nos deixar contagiar pelo clima natalino, tão gostoso e sermos mais pacientes com o outro, desculparmos mais, porque nós também erramos muito, ensinarmos mais, pois nós também aprendemos muito. Vamos lembrar de quem correu muito, mas não conseguiu o mínimo ainda. Que tal escolhermos uma criança, pode ser da Igreja, do bairro, dos Correios, enfim, vamos escolher uma criança para que possamos ajuda-la com um Natal feliz e com um fim de ano cheio de esperança, que pode ter vindo deste gesto de amor?

Áh, será ótimo para ela… mas será revigorante para nós, será experiência única, para ambos!

Vamos exercitar a tolerância, o respeito ao próximo! Áh somos diferentes em nossa ‘cor’, em nossas religiões, em nossas filosofias de vida, em nossas opções sexuais, em nossos meios de ver o mundo… E qual o problema?

Esta é a diversidade! É bonito! Deixa a vida bonita, como diria o Gonzaguinha: “É a vida! É bonita e é bonita! Viver e não ter a vergonha de ser feliz, cantar, a beleza de ser um eterno aprendiz. Eu sei que a vida devia ser bem melhor e será, mas isso não impede que eu repita:

É bonita, é bonita e é bonita!”

É assim que esse clima de final de ano, de Natal, de Reveillon nos deixa: esperançosos, cheio de planos, buscando ser melhores, querendo fazer o bem… Pois bem: comece! Comecemos! Todos nós! Vamos começar nossas Resoluções de Ano Novo ainda no Ano ‘velho’ e seguir em frente, cada vez melhores! Mais leves e felizes! Melhores companheiros, filhos, amigos, pais, mais caridosos, com mais consciência de nossos erros e acertos, mais tolerantes, mais humanos!

Encerro com Dalai Lama, maravilhoso em seus pensamentos ponderados, profundos, calmos e cheios de amor: “Só existem dois dias no ano que nada pode ser feito. Um se chama ontem e o outro se chama amanhã, portanto hoje é o dia certo para amar, acreditar, fazer e principalmente viver.”

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