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E essa tal de adolescência?

Áh, a juventude!! Quanta energia, quanto ânimo, quantos sonhos, quanta garra, quanto sono, quanta preguiça, quanta coragem, quanta vergonha, quantos amigos, quantos ex-amigos e futuros melhores amigos de novo … Quanta ambiguidade mora em nossos adolescentes.

Nós, adultos, muitas vezes, nos vemos perdidos em meio a tanta mudança, a tanta oscilação, a tanta certeza recheada de dúvidas, queremos nos aproximar, mas não achamos ‘o caminho’ correto, as palavras adequadas, não conseguimos acompanhar tamanha velocidade, ficamos zonzos.

É tanta jovialidade, é tanto desejo de mudar o mundo, a vida, são tantas idéias, tantas críticas aos adultos e suas idéias de “velho”, que ficamos perdidos em meio a tudo isso e por que não dizer, amedrontados com o que iremos falar?

Sim, nossos bebês crescem, nossas crianças crescem e tornam-se adolescentes e este é o caminho para a vida adulta, mas neste tornar-se ‘gente grande’ quanta coisa acontece, quantas vivências lindas, quantas tristezas sem fim, quantas bobagens feitas e faladas, quantas risadas, quantas amizades, quantos grupo de amigos, quantos ex-amigos, quantas discussões em casa, quantos planos certeiros para mudar o mundo, quanta discordância com a cabeça antiquada de seus pais…

Rubem Alves, sempre sábio, sempre incrível fala sobre a adolescência em “E aí ? Cartas aos Adolescentes e a seus pais” e diz: “Assim é a adolescência: ela não é problema pela simples razão de que, por mais que você pense, não há solução.” E continua em seu pensamento, dizendo que ‘há situações em que, se você tentar ajudar, você atrapalha’, com eles ocorre assim, em muitos momentos, se tentarmos apressar as reflexões, se tentarmos ‘colocar juízo’ naquela cabeça, se tentarmos mostrar o que seria certo fazerem, conseguiremos encrenca, daquelas consideradas antológicas.

Bem, mas o que fazer, então? Sabiamente ele nos dá dois conselhos:
Primeiro: não faça nada. Não tente fazer nada. Tudo o que você fizer estará sempre errado. Não se meta. Não diga nada. Não dê conselhos. Isso pode parecer totalmente irresponsável. O amor dos pais diz que eles devem tentar, no limite das suas forças, ajudar os seus filhos.

Rubem Alves cita o professor de administração Jay W. Forrester, que diz: “Em situações complicadas, esforços para melhorar as coisas freqüentemente tendem a piorá-las, algumas vezes a piorá-las muito, e em certas ocasiões a torná-las calamitosas.”.

Para o autor, ‘quem tenta ajudar uma borboleta a sair do casulo a mata. Quem tenta ajudar o broto a sair da semente o destrói’, simplesmente por existirem coisas que precisam acontecer de dentro para fora, precisam ser construídas no interior deles.

Segundo: fique por perto, para juntar os cacos. Os cacos, segundo ele, podem ter um efeito educacional. Na verdade, de nada vale ficar ansioso, ficar acordado, ficar agitado. Esses estados em nada vão alterar o rumo das coisas.

A ilusão de que há algo que pode ser feito deixa-nos ansiosos por não saber que algo é esse.

No momento em que você percebe que nada há a se fazer, a tranqüilidade volta. Aí você fica livre para fazer as suas coisas.

Mas então a sugestão é que eu deixe meu filho de lado, seja omisso, não participe da vida dele?

Não, ao contrário, a sugestão é que você zere o conflito, pois você jamais sairá vitorioso e ele fará exatamente o oposto daquilo que você sugeriu. A sugestão é: pare de brincar de cabo de guerra, pois seu filho vai até o fim segurando e puxando o cabo para tentar lhe vencer. Solte o cabo. Isto não está ensinando nada, não os está aproximando, está sendo sofrido, chato, pesado.

Tenha regras claras em SUA casa, sim, ele (a) mora lá, é filho, mas quem manda é você, portanto, seja a autoridade. Não se explique em excesso. Lembre-se a empresa para a qual você trabalha não lhe explica porque você precisa chegar, por exemplo, 8 horas para trabalhar, esta é uma regra de quem manda para quem obedece. Simples assim!

Deixe claro horário, notas, comportamentos esperados dentro e fora de casa, arrumação do quarto, enfim, tudo o que for regra não negociável para você, ademais, esteja sempre por perto, sempre disposta a conversar, a ouvir, a estar ali, caso seu filho precise.

Cuidado com exemplos, como: “no meu tempo….”, “meus pais…”, “ai se eu falasse assim…”, lembre-se, para os adolescentes, nós, adultos, viemos do século passado, somos muito antigos, mas muito mesmo, então, nossos exemplos não cabem nesta realidade, na deles e ainda que coubessem, convenhamos, cada um de nós tem sua própria história, pode e deve construí-la, sem seguir exemplos, sem modelos…

Por isso a importância da proximidade, da amizade, do companheirismo, da suavidade do relacionamento!

Esteja por perto, assista as séries de lobisomem, vampiro, ouça as aventuras, as irritações dele com este ou com aquele professor (não, não fique ao lado do professor e também não fique ao lado do seu filho, apenas lembre a ele quem manda na sala de aula e sugira que reflita em toda a situação, da maneira mais neutra que conseguir, evitando pensar através de seus sentimentos), permita que se tranque no quarto (privacidade para o ócio criativo deles ou para a preguiça mesmo), entenda seu estilo de se vestir, não critique, afinal, gosto e moda não se discutem (roupas adequadas para o momento e o local sim, são conversadas). Evite castigos por qualquer coisinha. Se for dá-los, que sejam significativos e durem o tempo necessário para causar uma ‘reflexãozinha’. Não os faça longos demais, nem fortes demais, pois eles perdem a função, o adolescente se adapta rápido demais, lembre-se disso.

Esteja pronto pra sair e dar uma volta de carro com um filhotinho triste, mas que não quer conversar, apenas andar de carro, com o fone de ouvido, acoplado ao smartphone, tocando suas músicas. Se houver abertura, peça para ouvi-las também e andem de carro ao som das músicas de seu filhotinho por algum tempo.

Se aproxime do universo do seu filho, sem tentar vive-lo, afinal, olhe sua idade, eles não vão querer isso! Mas se aproxime do universo dele, busque entender, esteja presente, seja empático, dê colo, dê bronca, dê risada, nada fale, fale alguma coisa …

Sim, cada dia é um novo dia e uma nova vida com eles, mas um novo dia e uma nova vida mágicos, se você permitir.

Excelente aventura para nós!

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