Subiu para 14 o número de mortos em um deslizamento de terra e pedras na madrugada de sábado, 10, em Niterói, região metropolitana do Rio. Outras 11 pessoas ficaram feridas. Os trabalhos de resgate seguem no local na manhã deste domingo, 11. De quarta-feira até sexta-feira, fortes chuvas atingiram o Estado do Rio, incluindo a região metropolitana, mas não houve registro de acidentes graves em outras localidades além de Niterói.
Entre os mortos há cinco mulheres, dois homens, duas crianças e um bebê de dez meses de idade. Pelo menos nove casas foram atingidas pelo deslizamento no Morro da Boa Esperança, na chamada região oceânica de Niterói, mais afastada do Centro da cidade. Moradores relataram que o acidente ocorreu por volta das 4 horas da manhã. O Corpo de Bombeiros do Rio foi acionado às 5h08, segundo a assessoria de imprensa do órgão.
“Choveu muito nos últimos dois dias. Niterói estava em estágio de atenção e alerta de acordo com a área e as comunidades estavam avisadas dessa situação, com recomendação para buscarem locais seguros”, disse à TV GloboNews o secretário de Estado de Defesa Civil e comandante-geral do Corpo de Bombeiros Militar, coronel Roberto Robadey Costa Júnior.
Sete equipes de cinco quartéis do Corpo de Bombeiros, num total de 80 homens, atuam no resgate a feridos. Moradores do local se juntaram às equipes para ajudar, voluntariamente, no trabalho de resgate. Conforme o comandante Robadey, o trabalho de remoção dos escombros e resgate das vítimas ou busca por mortos poderia levar até 48 horas.
De acordo com a Secretaria de Estado de Saúde, seis vítimas foram para o Hospital Estadual Azevedo Lima. Duas das vítimas são crianças – uma está em estado grave e a outra, estável. Entre os quatro adultos, dois já receberam alta e dois permanecem estáveis. Já o Hospital Estadual Alberto Torres recebeu um paciente vítima do deslizamento – um adulto que apresenta estado estável.
Segundo Claudio dos Santos, que se apresentou como presidente da associação de moradores do local, algumas das casas atingidas pelo deslizamento já estavam interditadas pela Defesa Civil há cerca de um ano, mas seus donos se recusavam a deixá-las. “As casas estavam isoladas pela Defesa Civil. Só que os moradores são complicados, não querem sair. Na sexta-feira mesmo a gente estava preocupado com essa chuva”, disse Santos à GloboNews.
Em entrevista o “RJTV”, da TV Globo, a empregada doméstica Rosemary Caetano Silva, sobrevivente do desabamento, confirmou a interdição de algumas casas e acusou a Prefeitura de Niterói de não ter agido. “Tudo que está acontecendo agora, a prefeitura já sabia. Pediram para a gente sair se chovesse. Ninguém tinha para onde ir”, disse Silva. Ela contou que na sexta-feira à noite, a família comemorou o aniversário de três ano do seu neto Arthur, que foi internado em estado gravíssimo. A irmã de Arthur, Nicole, de dez meses de idade, foi resgatada morta.
A empregada doméstica e o neto dormiam quando houve o desabamento. “Quando a gente viu, já estava em cima da gente. Eu consegui colocar o braço em cima dele. Consegui empurrar e pedir socorro, cavando até o morador me achar. Os moradores que me tiraram de lá. Um pesadelo”, contou ao RJTV.
O prefeito de Niterói, Rodrigo Neves (PDT), negou que houvesse casas interditadas e descreveu o acidente como uma fatalidade, pois não se tratou de um deslizamento de encosta que poderia receber obras de contenção. “Foi a ruptura de um maciço, não foi deslizamento de encosta”, afirmou Neves à TV Globo. Em nota, a Prefeitura de Niterói informou que “investiu mais de R$ 150 milhões em obras de contenção em 50 encostas da cidade”.
O governador eleito do Rio, Wilson Witzel (PSC), visitou o local na tarde de sábado. No início da tarde, Witzel divulgou uma nota de pesar pelas vítimas. Também em comunicado, o governador Luiz Fernando Pezão (MDB) se solidarizou com as vítimas e disse que o governo estadual “está mobilizado em auxiliar a prefeitura de Niterói, em razão do deslizamento”. (Vinicius Neder).