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Deputada Rosana Valle cobra que aposentados sejam avisados um a um sobre golpe no INSS

O governo federal publicou nesta sexta-feira (26) novos prazos para a atualização cadastral do Benefício de Prestação Continuada (BPC). Segundo o Ministério do Desenvolvimento e Assistência Social, Família e Combate à Fome (MDS), ainda existe um grande número de beneficiários que não estão incluídos no Cadastro Único ou que estão com o cadastro desatualizado há mais de 48 meses. Desde 2016, para o recebimento do BPC, os beneficiários precisam estar inscritos no Cadastro Único e fazer atualização do cadastro a cada dois anos. Atualmente, são atendidos pelo programa mais de 6,02 milhões de beneficiários, entre idosos com mais de 65 anos e pessoas com deficiência de baixa renda, que recebem o pagamento de um salário mínimo. Prazos O beneficiário que não estiver no CadÚnico ou que estiver com o cadastro desatualizado há mais de 48 meses deve regularizar a situação em 45 dias se morar em um município de até 50 mil habitantes. Para aqueles que vivem em cidades maiores, com mais de 50 mil habitantes, o prazo é de 90 dias. A notificação será feita pelo banco. Se o beneficiário não fizer a atualização dentro desse prazo, o pagamento é suspenso. Após a suspensão do pagamento, os beneficiários terão 30 dias para realizar a inscrição ou atualização junto ao Cadastro Único, solicitar a reativação do BPC e o pagamento dos valores devidos desde a suspensão. Uma portaria do MDS e do Ministério da Previdência Social estabelece que os usuários do BPC que estão há mais de 48 meses sem atualizar o cadastro serão chamados a comparecer ao Centro de Referência e Assistência Social (Cras) de onde residem. Biometria Uma portaria do MDS em conjunto com o Instituto Nacional do Seguro Social (INSS) determina que os pedidos do BPC que tiverem mudança cadastral com indícios de inconsistência devem ser submetidos a uma verificação das novas informações. Neste caso, será preciso realizar o registro biométrico, a partir de 1º de setembro de 2024. O cruzamento de informações será realizado mensalmente pelo INSS, para apurar se o critério de renda do grupo familiar está sendo cumprido e acúmulo do benefício com outra renda. Rio Grande do Sul Os beneficiários do BPC que vivem em municípios do Rio Grande do Sul com a situação de calamidade pública reconhecida pelo governo federal não passarão pelo processo de inscrição no CadÚnico ou atualização cadastral neste momento. Notificação O presidente do Instituto Nacional do Seguro Social (INSS), Alessandro Stefanutto, explica que o objetivo das medidas é cumprir a lei que determina a realização da reavaliação a cada biênio, o que não foi feito nos últimos anos. “Não há nenhum movimento persecutório para pegar as pessoas, cortar benefício, isso não existe. O que existe é: quem tem condições de receber o benefício vai continuar recebendo, como a lei manda, e quem não tem condições, a pessoa tem que entender que não pode receber o benefício se não atende os requisitos”, disse, em entrevista ao programa A Voz do Brasil, da Empresa Brasil de Comunicação (EBC). Ele garantiu que não existe nenhuma meta para corte de benefícios. “O que está encomendado é o que está na lei: a lei fala que deve se fazer a revisão seja no cadastro, seja de benefício. O que nós estamos começando a fazer agora é essa revisão”. Segundo ele, não existe o risco de alguém perder o benefício sem que sejam feitas as devidas averiguações. Os beneficiários em situação irregular serão notificados pela rede bancária, pela Central 135, pela plataforma Meu INSS e por SMS . “Nós vamos fazer uma enxurrada, uma tempestade de notificação, para que todo mundo saiba o que está acontecendo”.

Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil

A deputada federal Rosana Valle (PL-SP) protocolou neste domingo (5) um requerimento no qual exige que o Ministério da Previdência Social comunique individualmente cada aposentado e pensionista do país afetado pelo esquema que desviou R$ 6,3 bilhões do INSS entre 2019 e 2024. A fraude, segundo investigação da Polícia Federal e da Controladoria-Geral da União, envolveu descontos indevidos feitos por entidades com convênios irregulares com o Instituto.

A parlamentar solicita que as notificações sejam feitas por telefone, e-mail, carta registrada ou por meio de busca ativa, de forma que os segurados tenham ciência do golpe e possam agir para suspender descontos e solicitar restituição, caso necessário.

“O coitado do aposentado e do pensionista é quem deve correr atrás do prejuízo? Isso está errado! A obrigação é do INSS”, afirmou a deputada.

Rosana reforçou que muitos dos prejudicados não têm acesso à internet ou habilidades digitais, o que dificulta o entendimento sobre o que ocorreu com os próprios benefícios. Ela também critica o fato de, até agora, o governo oferecer apenas canais on-line para dúvidas, sem ações proativas por parte da autarquia.

Sugestão de site e transparência

A deputada defende ainda a criação de um portal oficial, com relatórios sobre os impactos da fraude, a quantidade de casos solucionados, e instruções claras para restituição dos valores. Segundo ela, o novo momento da pasta – agora sob comando de Wolney Queiroz – deve ser aproveitado para melhorar a transparência do INSS e proteger os direitos dos segurados.

“O INSS é obrigado a avisar se houve desconto indevido, quais foram os valores e tirar dúvidas – inclusive sobre a restituição – de milhões de idosos”, completou.

Entenda o caso

A operação “Sem Desconto”, realizada na semana passada, apura descontos não autorizados em aposentadorias e pensões feitos por associações conveniadas ao INSS. Segundo as investigações, mais de 4 milhões de pessoas foram afetadas.

O escândalo culminou na saída do então ministro Carlos Lupi (PDT), substituído por Wolney Queiroz. O comando do INSS também foi trocado, com a nomeação de Gilberto Waller Júnior.

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