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De semáforos a salas de aula: jovens de Campinas trocam trabalho infantil por qualificação profissional

Foto: Divulgação

Em Campinas, adolescentes que antes vendiam doces nos semáforos agora aprendem a fazer pães, usar planilhas no Excel e escrever sobre seus projetos de vida. Eles fazem parte do Programa Construindo Autonomia para o Futuro (Procaf), que já capacitou 384 jovens em situação de trabalho infantil desde sua criação, em 2014.

A iniciativa é financiada pela Unimed Campinas, em parceria com o Senai e apoio da Prefeitura, e oferece formação profissional gratuita a adolescentes de 15 a 17 anos encaminhados pela rede socioassistencial.

Com foco em educação, qualificação e dignidade, o projeto mostra que a erradicação do trabalho infantil passa por oportunidades concretas.

Na 22ª edição do programa, jovens como Nycolly Borges, de 16 anos, e Maria Emanuele Rodrigues, de 15, agora dominam ferramentas de informática e atuam em aulas de panificação e confeitaria. Antes receosas de não conseguirem acompanhar, hoje enxergam o curso como um divisor de águas em suas vidas.

“Eu só pensava em ter minha casa. Agora entendi que é preciso planejar e me qualificar”, afirma Nycolly, que já pensa em empreender. Maria Emanuele, que ajudava a mãe em um restaurante informal, agora sonha em profissionalizar o negócio da família.

Além da formação técnica, o Procaf promove atividades de reforço escolar e autoconhecimento, e os alunos encerram o curso com um livro onde relatam suas próprias trajetórias.

Os participantes do Procaf são encaminhados por meio do Serviço de Abordagem Social, conveniado à Prefeitura e vinculado ao Programa de Erradicação do Trabalho Infantil (PETI). Entre 2023 e outubro de 2025, esse serviço registrou 559 abordagens de crianças e adolescentes nas ruas de Campinas.

O caso de João Gabriel, 16 anos, ilustra esse processo. Abordado no semáforo do Ouro Verde, inicialmente fugiu pensando ser o Conselho Tutelar. Depois, aceitou o convite para visitar o Senai. Hoje, participa do programa, estuda e deixou o trabalho nas ruas. “Mudou muita coisa. Estou tendo responsabilidade com a vida”, conta.

Educação como resposta concreta

“O Procaf transforma a lei em oportunidade”, diz a secretária de Desenvolvimento e Assistência Social, Vandecleya Moro. Para ela, o combate ao trabalho infantil só funciona com a união entre assistência social, educação e iniciativa privada.

O curso, com duração de seis meses, oferece quatro módulos:

Mais do que qualificação técnica, o programa oferece uma nova perspectiva de futuro.

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