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Comissão de Saúde e Santa Casa dialogam sobre desmarcações de cirurgias eletivas em Limeira

Imagem: Divulgação / Câmara de Limeira

Entre janeiro e maio deste ano, 48 cirurgias eletivas foram canceladas pela Irmandade da Santa Casa de Misericórdia de Limeira. A falta de leitos e a necessidade de atendimento de procedimentos de urgência e emergência foram apontados como um dos motivos para as desmarcações. As informações foram fornecidas por gestores da unidade hospitalar durante reunião promovida pela Comissão de Saúde, Lazer, Esporte e Turismo da Câmara, na última quinta-feira (23).

Participaram do diálogo o provedor Marcos Antônio Bozza, a diretora Veridiana Cason Gonzaga e o diretor técnico Luís Francisco de Oliveira, representando a Santa Casa. Fazem parte da Comissão de Saúde os vereadores Everton Ferreira (PSD), presidente; Lu Bogo (PL), vice-presidente; e Marco Xavier (Cidadania), secretário. A vereadora Terezinha da Santa Casa (PL) estava presente e contribuiu com a reunião.

Os parlamentares questionaram o motivo das desmarcações de cirurgias eletivas, sobre o fluxo e prioridade de atendimentos. Estratégias para resolver a demanda reprimida de procedimentos cirúrgicos também foram tratadas. Eles explicaram que o tema tem sido alvo de reclamações apresentadas por munícipes aos gabinetes.

Desmarcações

Segundo a diretora Veridiana Gonzaga, as cirurgias de urgência e emergência na Santa Casa são responsáveis por 80 a 85% dos casos atendidos na instituição, o que gera também uma maior demanda no número de leitos. Atualmente, a média de ocupação geral na instituição, considerando todos os tipos de atendimento, é de 92%. Esse percentual de leitos ocupados, explicou Veridiana, está acima do indicado, que costuma ficar em 80%.

“Como nossa porta é aberta e o movimento é intenso, especialmente em relação aos casos de trauma, preciso trabalhar para atender as urgências e tentar atender o que tem na fila, os eletivos. Não podemos desmerecer a urgência de ninguém, mas temos que dar prioridade àquele que precisa de atendimento mais imediato”, argumentou a diretora, ao explicar que a taxa de ocupação apertada motiva o hospital a realizar as cirurgias eletivas em menor volume do que o necessário para suprir a demanda reprimida.

Em quatro meses, no período de janeiro a abril de 2022, a Santa Casa realizou 1.411 cirurgias. Outras 48 previstas precisaram ser desmarcadas pela unidade. Em algumas dessas situações, relataram os vereadores, os pacientes já tinham iniciado a etapa de preparação e estavam a poucas horas da cirurgia, o que gerou mais incômodo e queixas dos pacientes.

“Quando os leitos não comportam temos que ‘desagendar’ a cirurgia eletiva”, respondeu Veridiana. Ela acrescentou que há múltiplos fatores que podem justificar o cancelamento e expôs indicadores: “58% é por falta de UTI [Unidade de Terapia Intensiva] ou até mesmo enfermaria, 11% por motivo de ‘porta’, ou seja, temos o centro cirúrgico montado para receber o paciente que já estava agendado, mas chega uma urgência que é atendida prioritariamente; 13% por causa de ‘tempo hábil’, que são cirurgias classificadas dentro da programação, mas por alguma intercorrência em determinada operação, atrasam a grade cirúrgica, portanto, os procedimentos se estendem e acabam invadindo a agenda do próximo”, detalhou.

Há ainda entre as motivações para o adiamento das cirurgias eletivas a dificuldade enfrentada recentemente com a importação de insumos. “A falta de alguns itens, tanto no setor de oftalmologia como ortopedia, por problema de importação, em nível nacional, é um gargalo. Mas isso já tem melhorado e começamos a receber alguns dos materiais”, pontuou.

A projeção é que até o final deste ano, 4.250 sejam realizadas. “Se continuarmos com esse volume”, situou Veridiana. Como comparativo, ela citou que em 2019, antes da pandemia, 4.371 procedimentos foram executados. Desse total, a média de desmarcação motivada pelo hospital ficou em 7%.

Prioridade

A vice-presidente da Comissão, Lu Bogo, perguntou se é possível definir uma prioridade, entre os idosos, para aqueles que têm idade superior a 80 anos ou aqueles que estão acamados ou usam cadeiras de rodas. O diretor Luís Francisco de Oliveira explicou que a legislação já define uma prioridade para idosos e que os casos de urgência e emergência independem da idade, pois são definidos de acordo com a complexidade e a gravidade envolvida no quadro do paciente.

A diretora Veridiana anotou o apontamento da vereadora e mencionou que, referente à triagem entre idosos, avaliaria a sugestão. “Levarei a possibilidade de gerar um fluxo diferenciado para análise. Faremos um estudo para identificar a viabilidade”, posicionou.

Estratégias

Os vereadores Everton Ferreira e Marco Xavier levantaram questões relativas aos recursos da Santa Casa, possibilidade de investimento e capacidade de atendimento. Sobre a absorção da demanda excedente ao que é previsto em contratualização com o poder público, o provedor da Santa Casa informou que a meta tem sido ultrapassada em torno de 13% a 15%. A recomposição dessas despesas é feita por emendas, que acabam subsidiando a falta de recebimento por meio de contrato.

“Tivemos neste ano estorno de teto em torno de R$ 1 milhão a mais do que está contratualizado. Isso com emendas federais ou estaduais”, afirmou. Sobre a dificuldade para atender a demanda excedente, ou seja, de pacientes que estão na fila, o provedor argumentou que o limite não é só financeiro, mas de estrutura física.

O presidente do colegiado, Everton Ferreira, perguntou se há plano de expansão ou de investimento a longo prazo da Santa Casa. “As soluções estabelecidas com prazo de validade, vencem com o tempo. Novas problemáticas e demandas surgem. Sei da importância da Santa Casa e da confluência de estratégia com a Secretaria de Saúde ser completamente interdependente. Para onde a Santa Casa pretende caminhar nos próximos cinco anos?”, questionou o vereador.

O provedor Marcos Bozza explicou que não há previsão para expandir a instituição em Limeira. “Não temos recursos suficientes para fazer um plano e expandir a capacidade de atendimento via SUS [Sistema Único de Saúde]. Cada leito que se gera precisa de credenciamento e de orçamento para poder mantê-lo. É uma questão que envolve o investimento para conseguir ampliar, mas o problema é a manutenção”, afirmou.

Outras estratégias foram discutidas entre o colegiado e os representantes da Santa Casa, como a viabilidade ou não de transferência da demanda excedente e de determinadas operações para o Hospital Humanitária.

Humanitária

Os vereadores deliberaram convidar gestores do hospital Humanitária para reunião no dia 30 de junho de 2022, às 9h. O colegiado busca alternativas para propor como o município pode melhor absorver a demanda do SUS nos equipamentos públicos de saúde disponíveis.

Todos os apontamentos constam na ata, assim como as deliberações para os projetos em tramitação na Câmara.

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