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Com trama decepcionante, ‘O Sétimo Guardião’ não se salvou nem no último capítulo

A novela das 9, O Sétimo Guardião, da Globo, estreou sob grande expectativa. Afinal, o folhetim marcaria a volta ao realismo fantástico de Aguinaldo Silva, autor de clássicos do gênero na TV, como Fera Ferida e Pedra Sobre Pedra. A história prometia: sete guardiões, pessoas aparentemente comuns, tinham a missão de preservar – e manter em segredo – uma preciosa fonte. No entanto, a trama se perdeu no caminho. Com algumas exceções, como os papéis de Elizabeth Savala, Zezé Polessa e Ana Beatriz Nogueira, os personagens, de maneira geral, não emplacaram. E pouco se viu de realismo fantástico.

O casal de mocinhos, Gabriel (Bruno Gagliasso) e Luz (Marina Ruy Barbosa) não mostrou química, e as ações equivocadas deles minaram o mínimo vestígio de simpatia que se podia ter por eles. Mas a principal decepção foram os rumos que a vilã Valentina tomou na trama. Talentosa, a atriz Lilia Cabral tinha todas as ferramentas para eternizar outra vilã de Aguinaldo Silva. No entanto, a dualidade que a personagem demonstrou ao longo trama a enfraqueceu – e a deslegitimou como grande vilã. Valentina começou sua trajetória fria, calculista, quase cruel, com frases ácidas. Mas Aguinaldo não a sustentou assim, mostrando que, no fundo, ela não era tão má assim quando ela se aliou ao filho Gabriel e se uniu, digamos, ao lado bom da força. Valentina desandou, o que foi uma pena.

O grande vilão prometido para Tony Ramos também não vingou. Cheio de fragilidades e fraquezas, o personagem não cresceu, permanecendo quase sempre à sombra de Valentina até o capítulo final, um desperdício quando se tem um ator como Tony Ramos. A morte de Olavo não surpreendeu. Aliás, ele foi o único vilão ‘castigado’ no fim.

Outro erro foi o extermínio dos guardiões, sob o argumento de que havia um serial killer na cidade. Queria-se criar um clima de “Quem matou…?”, mas foi difícil engolir o mistério que queria se instaurar. Não demorou muito para se cogitar o nome de Judith, papel de Isabela Garcia (uma das boas surpresas na novela, ao lado de Nany People). Havia bons personagens entre os guardiões que foram assassinados.

Em alguns momentos, as polêmicas nos bastidores chegaram a chamar mais atenção que a própria trama, como a dos ex-alunos de Aguinaldo Silva que reivindicavam a autoria da sinopse da novela em conjunto com ele e o imbróglio envolvendo os nomes Marina Ruy Barbosa e José Loreto – a atriz chegou a ser apontada como pivô da separação do ator e de sua mulher, Débora Nascimento.

Existia ainda esperança de que o último capítulo reverteria algumas decisões equivocadas tomadas durante a novela, mas o que pareceu foi que Aguinaldo entregou os pontos de vez. Não houve cenas emocionantes ou surpreendentes. O desfecho dos mocinhos não foi o esperado: Gabriel foi morto pela filha insossa de Olavo e Luz largou o namorado e virou arqueóloga (!). O final de muitos personagens não foi revelado e suas histórias ficaram perdidas no meio da caminho. Como a de Neide, papel de Viviane Araújo, que demonstrava potencial para mexer com a trama, mas não decolou.

Talvez a única unanimidade tenha sido o gato Léon, adorado pelo público, mas que saiu de cena durante boa parte da novela após tomar forma de humano, na interpretação de Eduardo Moscovis. O único alento foi que Léon apareceu, mesmo que rapidamente, no último capítulo, para dar seu adeus.

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