Mandis, lambaris, cascudos, piaus, piabas, dourados, corimbas, jurupensens, alguns de até 6 kg formavam, nas primeiras horas desta manhã de terça-feira (2), um cenário devastador de mortandade no rio Piracicaba, em Piracicaba (SP), sendo a maior parte na rampa dos Navegantes, que tem acesso pela avenida Cruzeiro do Sul, no bairro Nova Piracicaba.
A olho nu fica difícil contar, mas, segundo quem vive do turismo no local, como é o caso de Luís Fernando Magossi, o Gordo do Barco, que é bastante experiente, só neste trecho há em torno de duas toneladas de peixes mortos. “E não são só duas toneladas, porque os peixes estão com ovas na barriga”, observou.
Gordo, que promove passeios de barco na Rua do Porto, disse que até gostaria de começar o dia desejando um Feliz Ano-Novo aos frequentadores da área, mas, que, diante de um cenário como este fica difícil.
“Cada vez, ficamos mais assustados com a quantidade de peixes mortos aqui. A gente tenta denunciar, os grupos que temos também, ligamos para a Cetesb, passam de um lugar para outro e ninguém atende. Se for pra pegar um peixe desses para comer, não pode que leva multa. Estou dizendo em dia normal e não agora que é a Piracicema. Agora, quando morre esse tanto de peixes, ninguém toma uma atitude”.
Segundo ele, todos os anos, no mês de outubro, o rio apresenta mortandade de peixes e não descobre de onde é. Se na Piracicema não se pode pescar porque é crime, imagina uma matança dessas. É muito mais crime ainda. A gente luta pelo rio o ano inteiro, vai nas escolas dar palestras para conscientizar sobre a importância de se preservar os peixes, aí vem aqui e vê um negócio desse no começo do ano”, lamentou.
Gordo disse não acreditar que foi consequência da água com coloração verde, encontrada na manhã do último sábado (30), segundo divulgado pelo Rápido No Ar.
Jean Carlos Machado, de 39 anos, é fundador da SOS Rio Piracicaba, que levou a equipe do Rápido No Ar para percorrer o rio e registrar imagens. disse que infelizmente é uma cena mais lamentável que é essa mortandade de peixes.
“Estamos desde cedo observando que está vindo da parte de cima, da região do Monte Alegre porque temos relato que foi vista mortandade nas proximidades da ponte de lá. Como nosso rio vem de Americana (SP), Santa Bárbara d’Oeste (SP), tem o rio Quilombo como afluente, então pode ter vindo de lá. A gente não pode afirmar nada e nosso papel é acionar os órgãos competentes para tentar resolver”, destacou.
Odair Melo, que é secretário de Defesa Civil de Piracicaba, disse que está (neste momento), na região do bairro Monte Alegre, e realmente tem muito peixe morto rodando de cima para baixo. Estamos tentando levantar de onde veio. O Pelotão Ambiental da Guarda Civil Municipal (GCM) vai registrar um Boletim de Ocorrência e acionar a Cetesb”, declarou.