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Capital descarta 15 casos suspeitos de morte por dengue em 2023

Foto:Fernando Frazão/Agência Brasil

A cidade de São Paulo investigou neste ano 15 casos de morte por suspeita de dengue e descartou todos eles. Na semana passada, porém, foi confirmado o primeiro óbito pela doença em 2023. De acordo com a Secretaria Municipal da Saúde (SMS), em todo óbito suspeito de dengue, é feita uma investigação detalhada do caso, de acordo com as diretrizes do Ministério da Saúde.

Segundo a SMS, entrevistas com parentes e pessoas próximas fazem parte do processo de investigação, que inclui visita domiciliar feita pela unidade de vigilância em saúde. Após a avaliação de todas as informações, o caso é discutido com epidemiologistas da SMS e também da Secretaria de Estado da Saúde para esclarecer se a causa principal do óbito foi de fato a dengue ou se foram outras patologias ou condições clínicas do paciente.

Entretanto, infectologistas suspeitam que os números podem ser maiores por causa da forma como a diretriz é interpretada. Para o coordenador do Comitê de Arboviroses da Sociedade Brasileira de Infectologia (SBI), Kleber Luz, a causa do óbito é sempre o evento que leva à morte, o que desencadeia todo o processo que levará o indivíduo a morrer.

De acordo com o pesquisador e diretor adjunto de Pós-Graduação da Faculdade de Medicina de Rio Preto, Maurício Lacerda Nogueira, o registro de 100 casos de dengue com apenas duas mortes atribuídas à patologia não parece real. Para ele, pode haver uma interpretação mais liberal da doença. “Atribuir à comorbidade, sem entender o papel da dengue no desfecho, é estranho. E é correto dizer que essa é uma subnotificação, porque pode haver uma tendência de notificar como comorbidade quando, na verdade, a dengue foi a causa principal da morte”, afirmou.

Segundo o médico Kleber Luz, a interpretação dos casos pode gerar subnotificação das mortes por dengue. Ele enfatizou que o importante quando se comunica uma doença de notificação compulsória é que os dados servem para gerar ações de saúde pública e de controle. “Quando se notifica que 20 pessoas morreram de dengue, entende-se que é preciso matar o mosquito [Aedes aegypti], senão ninguém vai tomar atitude, porque sempre se encontrará uma justificativa para aquela morte.”

De acordo com a SMS, até a semana passada, a cidade de São Paulo registrou 5.629 casos de dengue. Em todo o ano passado, foram 11.910 casos, com duas mortes. O pesquisador Maurício Lacerda Nogueira ressaltou que dengue é uma doença grave, que pode levar à morte. Por isso, regiões com experiência grande em dengue têm mortalidade menor do que outras, já que o preparo do sistema de saúde e o treinamento dos profissionais para atendimento da doença podem gerar significativa diminuição de mortalidade.

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