Um poodle chamado Bili, que nasceu sem as patas dianteiras, voltou a andar graças a um protótipo de cadeira de rodas desenvolvido por estudantes de Medicina Veterinária e Engenharia da Computação do Centro Universitário de Brasília (CEUB). O equipamento é anatômico, de baixo custo e considerado pioneiro no Brasil.
O projeto foi conduzido pelas estudantes Beatriz Miranda e Sarah Mazetti como parte de um programa de iniciação científica. Foram mais de 50 horas de trabalho, que incluíram pesquisa, testes e correções. O processo envolveu medições detalhadas do corpo do animal, escaneamento 3D e a criação de moldes em gesso.
A partir da modelagem digital em software CAD, os estudantes ajustaram ergonomia, conforto e resistência. As peças foram produzidas em impressoras 3D, com plástico PLA em partes rígidas e TPU flexível nas áreas de contato. O design foi planejado para permitir ajustes conforme o crescimento do cão.
O protótipo foi concluído a um custo de R$ 448,81, cerca de 63% inferior ao valor de cadeiras de rodas comerciais, que podem ultrapassar R$ 1.200. De acordo com o coordenador de Medicina Veterinária do CEUB, professor Carlos Alberto da Cruz Júnior, a iniciativa tem potencial de impacto social.
“Clínicas e ONGs podem replicar esse modelo a baixo custo, democratizando o acesso à tecnologia, que hoje ainda é restrita a poucos tutores”, afirmou.
Inovação e aprendizado acadêmico
Para os estudantes envolvidos, o projeto representou tanto um avanço científico quanto um marco na formação acadêmica. Arthur Dornfeld, responsável pela modelagem das peças, destacou a experiência prática: “Pude participar da criação de um produto real, desde a ideia até a aplicação, com impacto direto na vida de um animal”.
Segundo os professores, a iniciativa reforça o papel da pesquisa interdisciplinar e do uso de novas tecnologias como a impressão 3D no desenvolvimento de soluções acessíveis na medicina veterinária.

