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Brasil insere nanotecnologia no agronegócio

Foto: Marcin Jozwiak/Pexels

Como um dos maiores produtores e exportadores de agronegócio, o Brasil tem focado em nanotecnologia para potencializar a produção e melhorar o produto. O Governo do Paraná é um exemplo de Estado que vem trabalhando no setor para que novos estudos científicos e tecnológicos realizados pelas instituições locais se tornem pesquisa aplicada no cotidiano. Durante o 1º Simpósio Científico de Nano Agro, realizado pelo Instituto de Tecnologia do Paraná (Tecpar) que aconteceu em julho falou-se muito sobre os mais recentes estudos voltados à nanotecnologia no agronegócio e contou com a participação de pesquisadores de universidades e especialistas de empresas que atuam no setor. “Com a nanotecnologia aplicada é possível agregar valor à produção e promover uma agricultura mais sustentável”, afirmou o diretor-presidente do Tecpar Jorge Callado.

A Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), vinculada ao Ministério da Agricultura, acredita que para o país continuar crescendo e abrir novos mercados é preciso agregar valor aos seus produtos, o que é feito pela incorporação contínua de novas tecnologias. De acordo com o instituto diversos setores vinculados à agroindústria são inevitavelmente beneficiados pelos avanços da nanotecnologia. Desse modo, organiza e financia a Rede de Nanotecnologia Aplicada ao Agronegócio (Rede AgroNano), que desde a sua criação tem dado contribuições na área e proporcionado novas possibilidades para o desenvolvimento social e econômico

Entre os produtos desenvolvidos pela Rede AgroNano está o plástico filme comestível, uma capa de micronutrientes para revestimento de fertilizantes, um fertilizante à base de hidrogel modificado que libera água e nutrientes, embalagem sustentável à base de mandioca e outros.

Nanotecnologia brasileira

O Brasil tem buscado se aprofundar no tema. Segundo dados do Web of Science, o país ocupa o 13º lugar em publicações em nanotecnologia, atrás somente de potências mundiais da área, como Estados Unidos, China, Alemanha, Japão e Coreia do Sul. Além disso, de acordo com dados do Indústria 2027, projeto desenvolvido pela Confederação Nacional da Indústria (CNI), o Brasil ocupa o 18° lugar no ranking de países que utilizam a tecnologia. A nanotecnologia é uma das inovações estudadas pois aprimora propriedades de uma infinidade de materiais em nível atômico e, por isso, é uma das áreas mais promissoras para a indústria brasileira.

De acordo com artigo no Jornal da USP, desde o final dos anos 1990 as políticas de financiamento de pesquisas pelo governo brasileiro integram a nanotecnologia, entre outros temas, e assim promoveram o desenvolvimento científico na área com o estabelecimento de vários grupos reconhecidos internacionalmente. São muitos os projetos temáticos, Institutos Nacionais de Ciência e Tecnologia (INCTs) e laboratórios referências que desenvolvem pesquisas básicas e tecnológicas e na criação de produtos.

Conforme a Portaria Ministério de Ciência, Tecnologia e Inovações nº 1.122, de 19 de março de 2020, a nanotecnologia é uma das tecnologias habilitadoras consideradas prioritárias no que se refere a projetos de pesquisa, desenvolvimento e inovação para o período de 2020 a 2023. O objetivo é criar e nutrir um ambiente de colaboração entre a indústria e academia, aliando competências em ciência, tecnologia e inovação, centrado na ética e na promoção continuada do completo desenvolvimento sustentável do ecossistema da Nanotecnologia. Desse modo, foi instituída a Iniciativa Brasileira de Nanotecnologia (IBN), como principal programa estratégico para incentivo da nanotecnologia.

Nanotecnologia

“A nanotecnologia já faz parte do cerne da natureza E nós estamos começando a aprender trabalhar com essa ferramenta”, disse Edilson Gomes de Lima, pesquisador e escritor de livros sobre o tema. De acordo com o artigo científico Nanotecnologia: Inovação e Sustentabilidade, de Elizabeth Borelli, da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo, entende-se por nanotecnologia o “conjunto de ações de pesquisa, desenvolvimento e inovação relacionadas às propriedades especiais que a matéria exibe quando organizada a partir de estruturas de dimensões nanométricas. O prefixo ‘nano’ indica objetos e dispositivos em escala nanométrica (um nanômetro equivale a 10-9 mm)”. Segundo a pesquisa, a nanociência e a nanotecnologia surgem como uma alternativa para o estudo dos fenômenos e manipulação de materiais na escala atômica, molecular e macromolecular, promovendo mudanças em diversas áreas, permeando ciência e ideologia. Essa medida equivale a um bilionésimo de metro, o que acarreta desafios para conseguir trabalhar nessa escala tão diminuta e hoje apenas laboratórios e indústrias especializadas conseguem utilizar essa tecnologia.

A nomenclatura foi usada pela primeira vez por Richard Feynman em 1959 e nos anos 1980 o conceito de Nanotecnologia foi popularizado por Eric Drexler por meio do livro ‘Engines of Creation’ (Motores da Criação). A obra, embora contenha algumas especulações próximas da ficção científica, baseou-se no trabalho desenvolvido por Drexler. O pesquisador foi o primeiro cientista a doutorar-se em nanotecnologia pelo MIT e é considerado o pai da nanotecnologia. Mas foi somente no novo milênio que ela começou a ser desenvolvida e testada em laboratórios. O seu uso, apesar de ainda estar relativamente no início, pode – e vai, segundo especialistas – revolucionar inúmeras áreas. Hoje é usada principalmente em setores da indústria e da tecnologia, como tecnologia da informação, energia, meio ambiente, segurança, tecnologia de alimentos e transporte, sustentabilidade e medicina. Exemplos já comuns de produtos são os microprocessadores, em constante evolução, as finas películas desenvolvidas para óculos, computadores, câmeras, janelas e outras superfícies, os catalisadores de reações químicas, no refinamento do petróleo, os displays OLED (comuns em TVs, smartphones e e-readers) e muito mais.

Perigos da nova tecnologia

Apesar de avanços em diversas áreas, a nanotecnologia pode apresentar perigos. Dados da National Nanotechnology Initiative afirmam que os elementos se comportam de maneira diferente em nanoescala e muitos cientistas temem que isso possa gerar catástrofes ambientais, biológicas e econômicas, já que alguns elementos que na escala normal não apresentam risco podem se tornar extremamente perigosos.

Outra preocupação dos pesquisadores é com a interação de nanopartículas com sistemas vivos. “Vários dos elementos que sabemos terem pouca capacidade de interagir com organismos vivos podem ter sua capacidade aumentada, pois podem penetrar na pele facilmente ou entrar na corrente sanguínea”, destaca a National Nanotechnology Initiative.

Quando em relação ao meio ambiente, a apreensão se dá especialmente por ainda não se saber como ficarão ecossistemas que tiverem contato com nanopartículas, assim como em relação ao descarte correto de resíduos.

No real e na ficção

Segundo S. A. Selister, escritor e estudioso do tema, cerca de 30 mil anos atrás aconteceu a Revolução mais importante da espécie, que foi desenvolvimento da conectividade, permitindo ao homem criar, transmitir e armazenar grandes quantidades de conteúdo. O ser humano também passou pela Revolução Agrária, pela Revolução Industrial e, mais recentemente, pela Revolução Digital, que possibilitou a produção em massa e de circuitos lógicos digitais e derivados que modificaram a sociedade “Estamos no início da Revolução Nanotecnológica, que vai facilitar a criação de máquinas a nível atômico (do tamanho de um átomo) e que poderão se reproduzir a si mesmas indefinidamente. Quando chegarmos a esse nível de conhecimento será decretada o fim da supremacia humana sobre o planeta. As máquinas só precisam de matéria prima e isso é abundante no universo. Não necessitam de oxigênio e poderão se autorreparar. O que irá permitir a sua expansão por toda a galáxia como jamais foi visto”, afirma.

Em seu livro Nióbica, publicado pela Editora Albatroz, Selister fala sobre uma sociedade que já vive a Revolução Nano Tecnológica. A humanidade alcançou avanços extraordinários, como a cura do câncer através de nanoandroides moleculares orgânicos, o prolongamento da vida, a criação de naves espaciais que pensarão por elas mesmas e partirão rumo ao espaço, a criação de inteligências artificiais (IAs) avançadas feitas com interação com o DNA humano e mais. E na construção desse novo mundo existem dois minerais fundamentais: nióbio e grafeno. Mas descobre-se que um grande corpo fora do sistema solar está exercendo força gravitacional em todos os planetas ao redor do Sol, na Terra inclusive, o que afeta profundamente o globo terrestre, levando a um eminente fim.

“Mais do que falar apenas de nanotecnologia, Nióbica é um alerta sobre a importância do nióbio – mineral tão abundante no Brasil – e seu valor no mercado, que pouco a pouco vai sendo arrancado do país a preços muito aquém do seu real valor”, comenta Selister. Segundo ele, o elemento é extremamente importante para a tecnologia de satélites, supercomputadores, IA, ligas metálicas especiais, coberturas de naves espaciais, robôs e as cúpulas das futuras cidades marcianas e é fundamental na nanotecnologia.

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