O presidente Jair Bolsonaro continua defendendo mudanças no comando da Polícia Federal (PF). Em entrevista à Folha de S.Paulo, o mandatário disse que a cúpula da instituição está lá há muito tempo, por isso é preciso renovar, dar uma arejada. Ele classificou de “babaquice” a reação de integrantes da corporação às declarações sobre trocas nas superintendências e na diretoria-geral e afirmou que já teve uma conversa com o ministro da Justiça, Sergio Moro, sobre uma possível mudança no comando da PF. “(Moro) pode trocar quando quiser o diretor-geral, Maurício Valeixo, mais difícil é trocar de esposa.”
A despeito da insatisfação com o comando da Polícia Federal, o presidente não falou sobre prazos para as eventuais mudanças. E não negou sua preferência para colocar no posto o atual secretário de Segurança do Distrito Federal, Anderson Torres.
Bolsonaro disse que o imbróglio com a direção da PF teve início quando quiseram trocar superintendências sem lhe comunicar e negou que sua tentativa de interferir nessas indicações tenha relação com as investigações que envolvem seu filho, o senador Flávio Bolsonaro (PSL-RJ). “Já investigaram a vida da minha família inteira e não acharam nada.”
Além de falar na troca do comando da PF, Bolsonaro disse que deve anunciar até esta quinta-feira (5) o nome de quem vai comandar a Procuradoria-Geral da República (PGR). Segundo ele, o escolhido sairá “do bolo” de candidatos que o visitaram na última semana e terá de ser alinhado com ele. E descartou indicar o subprocurador da República Alcides Martins, vice-presidente do Conselho Superior do Ministério Público Federal, que poderia assumir interinamente, após o dia 17 deste mês, quando termina o mandato da atual chefe da PGR, Raquel Dodge.
‘Xucro e ingênuo’
Na entrevista à Folha, o presidente da República disse que o ministro da Economia, Paulo Guedes, era “xucro politicamente” e que já o avisou que a recriação da CPMF deve ser condicionada a uma compensação para a população. “Se não, ele vai tomar porrada até de mim.”
Além de chamar Guedes de “xucro”, Bolsonaro disse que o titular da Justiça era “ingênuo” quando chegou à Esplanada dos Ministérios e não tinha a “malícia da política”. Disse ainda que o nome de Moro não passaria hoje no Senado em uma eventual indicação para uma vaga no Supremo Tribunal Federal (STF). Sobre a possibilidade do ministro disputar a presidência em 2022, frisou: “Já falamos, eu disse para ele que essa cadeira de super-homem é feita de kriptonita. Se quiser sentar, senta.”
Nas críticas, o presidente voltou a disparar sua artilharia contra o governador de São Paulo, João Doria (PSDB), outrora aliado, mas agora rival na disputa pelo Palácio do Planalto nas próximas eleições gerais. Bolsonaro disse que o tucano não tem chances nessas eleições porque é uma “ejaculação precoce”. E voltou a dizer que está disposto a concorrer à reeleição, “se estiver bem até lá.”
Na entrevista, o mandatário reiterou que não irá recuar da indicação de seu filho Eduardo para o comando da embaixada brasileira em Washington, nos Estados Unidos. “Você já namorou? Quanto tempo demorou para levar para o motel? Não é na primeira vez”, disse, sobre a demora em confirmar a indicação e admitindo que por conta dos vetos ao projeto sobre abuso de autoridade, seu filho pode perder apoio dos senadores, que precisam referendar a indicação.
Bolsonaro ainda criticou a cobertura que a imprensa faz de sua gestão e sugeriu que os jornais criem uma página fixa de notícias positivas sobre o Brasil.