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Barbearia de Limeira lava mais de R$ 12,7 milhões do garimpo ilegal de ouro

Foto: Google Street View / Reprodução

Uma barbearia que fica no Centro de Limeira é alvo de investigação da Polícia Federal que desmantelou uma organização criminosa responsável por extrair ouro de forma clandestina de terras indígenas no sul do Pará. Em 11 meses, a barbearia teria movimentado mais de R$ 12,7 milhões.

De acordo com uma reportagem veiculada neste domingo (12) no Jornal Estado de São Paulo, o Estadão, a Barbearia Barão, que fica na Rua Barão de Cascalho, não movimentaria esse valor nem se cortasse o cabelo dos 308 mil habitantes de Limeira.

As investigações também apontam que no andar de cima da barbearia funcionava um “escritório” da organização criminosa. Segundo a reportagem do Estadão, a Polícia Federal teria revelado que o proprietário do estabelecimento teria feito 779 depósitos em caixas eletrônicos no período de julho de 2018 e maio de 2019. Uma média superior a dois depósitos por dia e movimentou um pouco mais de R$ 1,1 milhão por mês. Ele também teve a ajuda da esposa. Dados do Coaf (Conselho de Controle de Atividade Financeiras) apontam que ambos realizavam grandes transações, sempre ligadas a compra e venda de metais preciosos.

Segundo o relatório da PF, não há motivo aparente que fundamente que uma barbearia receba tantos valores oriundos do comércio de bijuterias. O relatório também conclui que a barbearia fazia parte da organização criminosa. “Não há razão para uma pequena barbearia movimentar aproximadamente R$ 12 milhões”, concluiu o relatório.

INVESTIGAÇÕES
Deflagrada em outubro deste ano, Operação Terra Desolata desarticulou a organização criminosa especializada em extração e comércio ilegal de ouro, no sul do Pará, especialmente, na Terra Indígena Kayapó.

Cerca de 200 policiais federais cumpriram 62 mandados de busca e apreensão e 12 mandados de prisão preventiva, em nove estados Pará, Amazonas, Goiás, Roraima, São Paulo, Tocantins, Maranhão, Mato Grosso, Rondônia e no Distrito Federal. Limeira também foi alvo da operação, como foi mostrado aqui no Rápido no Ar.

Na época a Justiça Federal também determinou o bloqueio e indisponibilidade de valores em aproximadamente R$ 500 milhões, nas contas dos investigados; o sequestro com bloqueio de cinco aeronaves, suspensão da atividade econômica de 12 empresas, sequestro com bloqueio de bens imóveis de 47 pessoas físicas e jurídicas e sequestro com bloqueio de outros 14 bens móveis.

As investigações tiveram início em 2020 e apontam que a organização atuava em três níveis diversos. O primeiro nível refere-se aos garimpeiros comuns que extraem o ouro, sem Permissão de Lavra Garimpeira-PLG, e vendem o ouro para os intermediários, os quais estão no segundo nível. Estes, por sua vez, revendem o ouro para grandes empresas, que estão no terceiro nível, para no fim injetá-lo no mercado nacional, ou então destiná-lo para exportação. Durante a investigação, foi constatado que saia das Terras Indígenas do sul do Pará aproximadamente uma tonelada de ouro extraído de forma ilegal, todos os anos.

No curso da investigação, foi identificada a existência de garimpo ativo em áreas particulares, que serão objeto de busca e apreensão em ação conjunta com o Ministério Público do Trabalho, locais em que há suspeita de se ter trabalhadores em condições análogas à de escravo.

TERRA DESOLATA
O nome da Operação “Terra Desolata” é uma referência à expressão italiana equivalente à expressão em português “Terra Devastada”, uma vez que o ouro extraído de forma ilegal no sul do Pará é enviado para Europa, tendo a Itália como porta de entrada, deixando aqui apenas a terra devastada, em italiano: Terra Desolata.

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