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Aumento de cerca de 30% no preço de alimentos básicos afeta limeirenses

O aumento dos preços dos alimentos básicos nos últimos meses tem afetado diariamente o consumo da população limeirense. De acordo com o Dieese (Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos) os preços dos alimentos básicos subiram mais uma vez em janeiro. Nos últimos 12 meses, o crescimento foi de cerca de 30%.

Segundo a dona de casa Simone Amaral, de 34 anos, a tarefa de ir ao mercado tem sido um desafio, pois a cada dia que passa o preço dos produtos sobe, desestabilizando as finanças da casa. Ela tem dois filhos e é responsável pela manutenção do lar. “Está sendo bem complicado, porque com duas crianças pequenas os gastos são enormes e cada ida ao mercado é uma surpresa”, diz Simone.

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Ela conta que tenta fazer trocas e comprar em menor quantidade para não haver desperdícios. “Antigamente, quando o preço da mistura subia, íamos para os legumes, agora tudo está caro, então o jeito é procurar promoções, ir nos dias certo no mercado e comprar o mínimo possível para não desperdiçar e tentar gastar pouco. Mas é quase impossível”, relata a jovem.

A proprietária de uma marmitaria em Limeira (SP), Sandra Batista, conta que sentiu o impacto da oscilação dos preços dos alimentos básicos em seu negócio. Apesar de sentir essas mudanças, relata que não pode alterar o valor do produto para o cliente. “Nós acabamos diminuindo nossa margem de lucro para não perder a clientela, mas acaba ficando bem complicado”, descreve. “Nossos fornecedores oscilam os preços deles e nós não podemos alterar os nossos”, lamenta Sandra.

Como alternativa para driblar o aumento dos preços, Sandra conta que faz uma pesquisa de mercado diária dos produtos que são usados nos cardápios semanais. Caso tenha ocorrido mudança de preço em algum dos ingredientes, ele é substituído por outro semelhante. “Nem sempre isso é possível, mas isso está nos ajudando durante essa oscilação de preço”, conta.

A contadora Erli de Fátima Ribeiro aconselha a população a substituir os alimentos que são mais caros por outros mais baratos durante esse período de alta nos preços. Ela sugere que se tenha um controle do quanto se ganha e quanto se gasta, para que sejam feitos ajustes necessários nas finanças da casa. “Alguns alimentos têm a mesma capacidade de nos suprir. É importante fazer essa substituição, o controle é muito importante para evitar dívidas que não são essenciais, para que se tenha um equilíbrio financeiro”, afirma.

AUMENTO DOS PREÇOS

De acordo com o levantamento realizado pelo Dieese, divulgado no último dia 8, os preços dos alimentos básicos mantiveram sua tendência de alta em janeiro. Pela pesquisa, o valor da cesta básica em janeiro aumentou em 13 de 17 capitais. Em um período de 12 meses houve um crescimento de cerca de 30%, às vezes acima da inflação.

Segundo o economista Christian Duarte Caldeira, o aumento nos preços dos itens que compõem a cesta básica impacta diretamente no consumo das populações de baixa renda. “O aumento nestes preços afeta negativamente a capacidade destas famílias de suprirem suas necessidades nutricionais mínimas”, aponta. “Além disso, essa parcela da população passa a destinar uma parcela maior da sua renda para estes itens de consumo básico, reduzindo sua demanda em outros bens e serviços, gerando um impacto negativo na economia como um todo”, diz Caldeira.

Segundo o Dieese, as capitais com maiores altas foram: Florianópolis (5,82%), Belo Horizonte (4,17%) e Vitória (4,05%). O instituto apurou que houve uma redução em quatro capitais do Nordeste, sendo elas: Natal ( -0,94%), João Pessoa (-0,70%), Aracaju (-0,515%) e Fortaleza (-0,37%).

O menor preço da cesta básica apurado pelo Dieese foi o de Aracaju (R$ 450,84) e o maior, em São Paulo (R$ 656,15), onde houve um aumento de 3,59%. Tendo como base o salário mínimo atual de R$1.100, o instituto estimou que a renda mínima necessária para as despesas básicas de uma família com quatro pessoas (duas crianças e dois adultos) deveria ser quase cinco vezes maior que o oficial: R$ 5.495,53.

O salário mínimo hoje é definido por uma regra que atrela seu crescimento ao da inflação para que os trabalhadores possam ser capazes de recuperar seu poder de compra. “Sendo assim, aumentos da inflação geram automaticamente aumentos no salário mínimo”, explica Caldeira.

O economista explica que essa mudança constante no valor dos produtos, em termos macroeconômicos, deve induzir o Banco Central a aumentar os juros da economia. Isso restringe o acesso ao crédito e valoriza a moeda, o que teria impactos ainda mais negativos sobre o crescimento econômico do país.

Para a contadora, não há como prever se a subida dos preços será permanente. Erli afirma ser necessário esperar a recuperação da economia no país. “De acordo com algumas pesquisas que estamos acompanhando, já há uma recuperação em alguns setores, como os industriais. Mas agora com a vacinação em massa da população, a tendência é que a economia se recupere a passos largos. Esperamos isso”, destaca.

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