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“As sem razões do amor”

Quem dera essa frase fosse minha, só ela já é um poema, já é profunda, já é linda! Arrepia pensar nela e na profundidade do amor.

“Amor é dado de graça, é semeado no vento, na cachoeira, no eclipse. Amor foge a dicionários e a regulamentos vários.” Carlos Drummond de Andrade

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Ah… E como entender o amor? Ama-se a pessoa, o jeito ranzinza, o bom humor, a alegria, o perfeccionismo ou o ‘desleixo’… achamos graça das brincadeiras, das piadas (ainda que bobinhas), achamos engraçadinha ‘chatice’, o amor é sentimento que preenche, que lota, que enche e ocupa o coração e aquece a alma.

Amamos a pessoa, o jeito, a aparência, a cor dos cabelos, o jeito de andar, o sorriso, amamos a voz, a sensação boa de estar ao lado de quem amamos, amamos nossas coincidências,  como é importante e bom amarmos e sermos amados.

A companhia e a escuta é outra característica que nos abraça e nos acolhe, Rubem Alves nos diz que “O que as pessoas mais desejam é alguém que as escute de maneira calma e tranquila. Em silêncio. Sem dar conselhos. Sem que digam: “Se eu fosse você”. A gente ama não é a pessoa que fala bonito. É a pessoa que escuta bonito. A fala só é bonita quando ela nasce de uma longa e silenciosa escuta. É na escuta que o amor começa. E é na não-escuta que ele termina. Não aprendi isso nos livros. Aprendi prestando atenção.”.

Escutar (e não ouvir, meramente fisiológico) é que nos abraça e nos acolhe, rega nosso amor de forma a fazê-lo crescer e evoluir. O escutar atento e silencioso, despretensioso, o escutar desprovido de julgamentos vários, o escutar para compreender, para jogar frescobol e não tênis, “um jogo feroz, cujo objetivo é derrotar o adversário. E a sua derrota se revela no seu erro: o outro foi incapaz de devolver a bola” (Rubem Alves, Tênis X Frescobol), já o frescobol, de acordo com Rubem Alves, “se parece muito com o tênis: dois jogadores, duas raquetes e uma bola. Só que, para o jogo ser bom, é preciso que nenhum dos dois perca. Se a bola veio meio torta, a gente sabe que não foi de propósito e faz o maior esforço do mundo para devolvê-la e não há ninguém derrotado. Aqui ou os dois ganham ou ninguém ganha. E ninguém fica feliz quando o outro erra, pois o que se deseja é que ninguém erre.”.

Amor é assim, um jogo de frescobol, sonhos, desejos, angústias do outro não são devem ser objetivos de ataque e de briga, mas sim de ‘bate bola’, de conversas longas, de cuidado e de preservação.

Que delícia é o amor. O amor é o sentimento completo, é sentimento gratuito, não condicionado.

Quem de nós não tem uma música, um filme, uma imagem, um livro, uma viagem, uma conversa que nos faz lembrar o amado e que, diante deles, muitas vezes, nos vem ao rosto o sorriso recheado de boas lembranças (por exemplo algodões doce coloridos ao final do dia), nos faz lembrar de conversas acolhedoras e de colos silenciosos (sabe aquele abraço que nos acolhe por inteiro e ainda nos dá o prazer de sentir o cheiro e a textura do cabelinho de paina do amado (a)), aquele amor pautado pelo bom humor e por piadas ‘internas’ que só os dois entendem e riem, basta que os olhares se encontrem, para que a piada seja lembrada e a risada gostosa ocorra?

Quando me refiro ao amor, não me refiro apenas ao amor de casal e de namorados, mas todo amor, pois ao longo da vida experimentamos amores vários: dos pais, dos filhos, irmãos, amigos, familiares, professores, namorados (as).

Amemos sempre, corajosamente, afinal, amar é um ato de coragem também. Deixemo-nos conquistar pelo outro, pelo seu jeito, pela sua conversa, sonhos, ensinamentos.

É importante que nos deixemos amar e amemos sem medo. É esse amor, é essa experiência que nos auxiliará a atravessar os desertos solitários da vida.

Encerro com um convite a reflexão a uma música muito leve e profunda que fala de amor. Vai lá, Elis Regina, fale por nós: “É, só eu sei, quanto amor eu guardei, sem saber, que era só pra você. É, só tinha de ser com você (…)”

 

 

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