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As pausas que nos fazem tão bem

Foto: Alexandr Podvalny / Pexels

Esses dias li uma publicação que dizia mais ou menos assim: “A vida precisa de pausas, estas são necessárias e inegociáveis. Não é procrastinar, que é ‘empurrar com a barriga’, mas sim dar-se o tempo necessário para se recuperar e voltar com tudo. Nenhuma árvore dá frutos o ano inteiro.”.

Vivemos tempos em que o sucesso é almejado a qualquer preço, frases como “trabalhe, enquanto os demais descansam.” ou “descansar é para os fracos”, dentre outras… muitas são as pessoas que acreditam piamente nessas frases e nestes conselhos. É como se exigíssemos de nós mesmos sermos máquinas produtivas, que não se cansa, que não se diverte, que não para um pouco…

Isso, de longe, não é o ideal de produtividade, de foco, de realizações de sonho e de prosperidade, mas sim um convite ao esgotamento, ao burnout e a exaustão.

Pausas são necessárias, para que recarreguemos nossas energias, para que possamos repensar e redirecionar nossas ações e assim seguirmos mais seguros, mais descansados e refeitos.

Existem momentos e tempos em nossas vidas que tudo se torna muito difícil, muito complexo, os problemas veem ‘sem dó’, as dificuldades nos atropelam, a dor de cabeça é constante… precisamos resolver tudo, sim, precisamos conseguir organizar ações concretas que nos ajude na solução dos mesmos e isso passa, obrigatoriamente, por pensarmos em soluções, prioridades, exercitarmos a resiliência, não perdermos o foco e etc.

Porém, ninguém exausto emocional, física e mentalmente é capaz de fazer isso tudo e é por isso que pausas são fundamentais e necessárias. É por isso que precisamos tirar dias para não sermos produtivos, focados, empenhados, engajados, motivados e etc, para sermos apenas gente, para descansarmos, para ficarmos com nossos familiares e amigos, para meditarmos, para ouvirmos uma boa música, lermos um bom livro, crochetearmos, dançarmos ballet, andarmos de bicicleta, fazermos caminhada, assistirmos o nascer ou o pôr do sol, brincarmos com nossos animais de estimação, dentre outras tantas atividades que nos relaxam, nos descansam, nos ajudam a recarregar.

Tempos como os de hoje, tendem a nos despersonalizar e tentar nos transformar em máquinas (lembrando que estas também quebram) produtivas e isso é impossível. Não somos máquinas, sentimos, cansamos, adoecemos, sonhamos, temos receios, temos vontades, temos preguiça, algumas vezes, coisas de ‘gente mesmo’. Não nos culpemos por isso. Ser humano é lindo, é esperado, é perfeito, somos perfeitos com nossas imperfeições.

Desconfiem de pessoas ultra bem-sucedidas vendendo cursos e fórmulas mágicas para o sucesso, dinheiro, fama, poder e etc. Vendem ilusões, não as compremos, pois na ânsia de atingirmos estes objetivos nos destruiremos.

O CEO de uma grande empresa precisa de pausa, de estar em família, de correr, de cozinhar, o médico intensivista precisa de dia de sossego à beira de um lago, no balanço com os filhos, a juíza implacável e cheia de processos a resolver, precisa de uma praia deserta, de ouvir o barulho do mar, de fazer uma caminhada à beira mar, a psicóloga acostumada com muitos problemas e sofrimentos precisa de um dia crocheteando uma polaina para usar no ballet, o professor cheio de alunos, provas e trabalhos a corrigir, precisa de um dia de folga, para cozinhar uma massa e tomar um vinho em família … todos precisamos, sem exceção. O vendedor lotado de metas, o bancário cheio de dor de cabeça e necessidade de estar atento o tempo todo, a mãe zelosa, que cuida e acolhe a todos, enfim, todos nós precisamos de pausas. Nossa mente, nosso emocional, nosso corpo pede… Se ele exigir, será ruim, pois o recado vem sob forma de burnout, esgotamento, crises de ansiedade e de estresse elevado.

Estamos quase no final de Agosto e você se deu quantas pausas reais até agora? Você se tratou e ao seu cansaço com respeito quantas vezes?

Te convido a parar, pensar, se olhar, olhar para dentro de si e programar sua pausa, seu recarregar de energia. Faça refeições calmas e leves, ouça o canto dos pássaros, sinta o vento em seu rosto, pense em coisas leves e gostosas, se permita.

Encerro com o convite a reflexão de Carlos Drummond de Andrade: “A vida necessita de pausas.”

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