Após 15 anos do “Caso Vivo”, como ficou conhecido o roubo de uma loja de celulares em Limeira (SP), em novembro de 2005, Brenda Lombardi, filha do ex-policial militar Ilso Lombardi, que foi demitido da corporação por conta da ocorrência, pede na Justiça que todo o processo que envolve o pai seja revisto. De acordo com ela, houve falhas no julgamento administrativo contra Lombardi.
No dia da ocorrência, Brenda tinha 9 anos de idade e se recorda da prisão do pai, que chegou a durar 60 dias. Além de Ilso, outros policiais foram a julgamento porque, na ocorrência, um dos criminosos foi morto a tiros. O carro onde o ladrão estava ficou num barranco às margens da Rodovia Anhanguera, onde ele acabou alvejado por um policial.
O Tribunal de Justiça Militar (TJM) analisou as defesas dos policiais e, no caso de Ilso, sentenciou a demissão dele, pois teria faltado com a verdade. A demissão do então PM, que estava há 20 anos na corporação, ocorreu em outubro de 2007.
Em 2017, já perto de concluir a faculdade de direito, Brenda começou a ler o processo informalmente, pois ainda não podia exercer trabalho de advogar. “Naquele momento, percebi a possibilidade de ter havido falhas nos depoimentos, pois identifiquei versões diferentes. Também consegui as imagens que a AutoBan registrou e, nelas, é possível observar que meu pai deixou o local antes de os disparos contra o ladrão serem feitos. Naquele dia, meu pai teve que sair do local, retornar à loja da Vivo e, depois, ir até o IML”, descreveu.
MOBILIZAÇÃO
Nesse período, a família chegou a fazer abaixo-assinado com a população de Limeira – 7 mil assinaturas foram recolhidas – com o objetivo de comover o Estado para rever o caso de Ilso. Em 2018, Brenda protocolou recurso administrativo e inominado endereçado à Secretaria de Estado da Segurança Pública e ao governador do Estado. “Nesse caso, fiz por ser a filha do réu. No final do mesmo ano, quando obtive minha inscrição na Ordem dos Advogados do Brasil [OAB], assumi oficialmente o caso e ingressei com uma ação rescisória com novas provas do fato, já que ainda não tinha vencido o prazo de cinco anos da análise do último recurso”, descreveu. Porém, ela teve seu pedido indeferido.
Novamente em outubro do ano passado, Brenda voltou a pedir a reabertura do processo administrativo, anexando depoimentos de testemunhas e o vídeo que mostra o pai deixando o local da ocorrência. Outra vez, ela recebeu retorno negativo. No final de março, a Justiça reafirmou que Ilso estava no local.
NÃO DESISTIU
Mesmo sem sucesso nas tentativas anteriores, Brenda voltou a pedir da reabertura do caso nesta semana. “Ontem [6], fiz nova apelação por meio de mandado de segurança. Fui atrás das testemunhas, colhi os depoimentos, novamente acrescentei os vídeos. A apelação foi na segunda auditoria cível do Tribunal de Justiça Militar. Nossa esperança é que haja o reconhecimento de que ele não teve qualquer culpa e consiga seus direitos na Polícia Militar.