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Ansiedade: ‘desassossego’ que consome

Aquela sensação de inquietação constante, aquele pensamento que não sai da cabeça, aquela ‘falta de parada’, aquela confusão, uma dificuldade de se concentrar, de focar, de pensar em uma solução, aquele ´nervoso´ aumentado por não achar nenhuma solução viável para nada, a cabeça confusa, sono escasso, fome em excesso ou ausência de apetite, confusão, atordoamento, um medo quase que generalizado de ´tudo dar errado´ … não raro as pessoas que estão sofrendo com a ansiedade vivenciam o descrito acima, seguido da ´certeza´ de estarem perdendo o controle de suas vidas e de terem a ´certeza´ de que as coisas darão errado.

Só quem já passou por isso, já vivenciou a ansiedade sabe dizer o quão difícil é passar por tudo isso, o quão difícil é lidar com estes sintomas e ainda ter de ´tocar a vida´, trabalhar normalmente, muitas vezes escutando: “Pare de besteira”, “Sossegue”, “Que drama”, dentre outras frases pouco empáticas que colaboram para aumentar o que já estava ali forte, firme, cruel e consumindo.

Como pontuou com sabedoria, George Bernard Shaw: “A ansiedade e o medo envenenam o corpo e o espírito.”

Quem está sofrendo com a ansiedade se sente assim: tomado e envenenado por ela. Acorda e vai dormir tenso, nervoso, agitado. O pensamento parece que perdeu a direção e o foco. Tudo fica confuso e tenso, o tempo todo e parece que quanto mais se pensa e quanto mais se tenta resolver, mais se atrapalha e bagunça.

No artigo “Um Panorama Analítico-Comportamental sobre os Transtornos de Ansiedade”, de um de meus mestres mais admirados Denis Roberto Zamignani e de Roberto Alves Banaco, eles definem a “ansiedade como um estado emocional desagradável acompanhado de desconforto somático, que guarda relação com outra emoção – o medo. Esse estado emocional é geralmente relacionado a um evento futuro e, às vezes, considerado desproporcional a uma ameaça real, (Gentil, 1997). O desconforto presente na ansiedade costuma ser descrito pelo senso comum por meio de sensações físicas tais como “frio na barriga”, “coração apertado”, “nó na garganta”, “mãos suadas” e é, além disso, sentido como “paralisante”. ”

Quem vivencia a ansiedade, enquanto um transtorno e não uma condição passageira frente a uma situação específica e que geralmente finda com a ‘solução e/ou término’ da mesma, sofre muito, passa dias e noites de muito sofrimento.

Um sofrimento silencioso, quieto, cujos sinais, apenas quem sofre e quem está bem ligado a quem sofre com ele, conseguem notar. Não é um braço engessado, fácil de notar e cuja ajuda/auxílio dos que rodeiam quem está nesta condição é quase que autoexplicativo, mas trata-se de uma condição que, muitas vezes, fica encoberta, disfarçada, fica ´guardada´ com quem passa por ela, pelas mais diversas razões e quando vem à tona, aparece como uma tsunami, forte, implacável e que deixa sem ação, atônito.

É preciso levarmos a sério a ansiedade. É preciso cuidarmos desta condição, desta doença que se tornou um mal comum na atualidade.

Vivemos uma época de muita pressão, de muita correria, de exigência de respostas rápidas, de exigência de que controlemos tudo, de exigência de sermos bem-sucedidos em tudo. Vivemos uma época em que falhas são duramente criticadas, expostas em redes sociais, comentadas em grupos de whatsapp, o que nos leva, muitas vezes a nos iludirmos com a idéia que: devemos e podemos controlar tudo, acertar sempre, que as críticas que escutamos nos definem e que devemos evita-las a qualquer custo.

Temos a dificuldade de nos vermos como humanos, de vermos o outro como humanos, de exercitarmos a empatia, isto é, de nos colocarmos no lugar do outro.

Todo este contexto contribui para o aumento dos quadros de ansiedade. Não raras vezes escutamos: “Meu chefe não compreendeu que com a doença do meu filho, eu fiquei mais desatenta. Estou na corda bamba na empresa.”, ou “Venho enfrentando grave crise financeira e não bastasse as dificuldades que esta traz, ainda sou julgado (a), taxado (a) e agredido (a).” ou ainda “Não consegui aprender a lidar e usar o sistema novo instalado na empresa, tenho sido alvo de chacota…” …

Pasmaram? Mas são frases reais e como estas, muitas! Atire a primeira pedra quem nunca disse uma fase semelhante, sobre ou para alguém e como o mundo é providencialmente redondo, quem nunca foi vítima de uma frase como essas.
Sim, todos nós ficamos ansiosos, todos nós passamos e passaremos por revezes na vida, todos nós somos e seremos cercados por pessoas egoístas e que preferem usar as mãos para apontar e empurrar, do que para acolher e ajudar e a língua para julgar e mau dizer do que para acalmar e auxiliar, porém, alguns de nós, não damos conta de lidarmos com toda esta ansiedade, com toda essa pressão e sofremos, adoecemos, sim, a ansiedade (aquela que todos passam), transforma-se em um transtorno e quem sofre com ele precisa de ajuda.

Se você se percebe nesta situação, busque estar cercado por pessoas que te amem e te apoiem e deem suporte. Além disso, busque compreender o que se passa com você e como lidar com isto (ansiedade).

Não enfrente sozinho este momento difícil. Busque ajuda para passar por isto e superar esta fase. Procure ajuda para que você possa identificar, controlar e manejar a ansiedade.
Encerro com o convite à reflexão: “Às vezes ajudar significa simplesmente ouvir, sem julgamento, sem conselho.” Leo Buscaglia

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