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Ai, vamos reaprender a dialogar, por favor?

Foto: Pexels

Ultimamente tem sido complexo tentar dialogar, tentar fazer uso das palavras. Estamos vivenciando momentos em que falar e ser compreendido tem sido uma tarefa muito complexa, não é mesmo?

Constantemente temos dificuldade de percebermos que as pessoas nos compreendem. As palavras estão sendo usadas sem critério algum e estão sendo ditas sem cuidado e sem comprometimento com a mensagem que se quer passar, em contrapartida o ouvinte também não está muito direcionado a escutar e a entender a mensagem que lhe foi passada. Entende o que deu, o que quis, da maneira como quis fazer e responde, mesmo que não tenha compreendido nada da mensagem. Existem ouvintes ainda piores, que são aqueles que não escutam verdadeiramente, mas que ficam rebatendo mentalmente o que lhes é dito, de modo que não tem a menor ideia do que a pessoa queria lhe dizer. Tem os ouvintes tagarelas, que são ainda mais irritantes: eles não escutam, nem mesmo rebatem somente em suas cabeças o que lhes é falado, mas ficam a falar junto com quem fala, interrompendo, causando um transtorno na transmissão da mensagem e logicamente correndo risco de causar algum tipo de desentendimento, afinal que coisa mais desagradável não se conseguir concluir uma única frase sem ser interrompido.

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“Há, mas eu tenho o direito de responder.”, sim, querido, sim, alecrim dourado, tem sim e deve responder, caso contrário é um monólogo e não um diálogo, não é mesmo? A questão é que para haver uma resposta ou uma colocação, é preciso que tenha havido uma fala completa, não é mesmo? Vai responder a que? Vai se colocar diante de que, se você impediu o pensamento do outro ser concluído?

É importante definirmos o diálogo como “conversar; escrever ou se expressar por meio de uma conversa interativa, da troca de informações, opiniões, ideias.” Dicionário da Língua Portuguesa.

Partindo desta premissa devemos entender que precisamos falar sim, mas devemos ouvir/escutar (inclusive por uma questão de educação). Escute o que seu interlocutor tem a dizer, ouça atentamente, tente compreender suas razões e seus pensamentos e veja bem compreender suas razões ou pensamentos não significa concordar com eles, mas apenas escutar o que é dito. Assim que escutar e que compreender o que te foi dito, expresse de forma polida e educada sua opinião, seu pensamento sobre o exposto.

Não há possibilidade real de entendimento, de explicações, de conversas sem que todos os envolvidos e participantes possam falar de forma aberta se sem interrupções ou julgamentos diversos (evidentemente o que é dito deve estar dentro dos limites éticos e coerentes, não?) e possam escutar também. Esta troca de ideias, essa conversa sobre pensamentos e ideais nos possibilita conhecer o universo do outro, outras formas de pensar, nos possibilita mudar de opinião ou fortalecer nossa opinião, pode ajudar o outro a repensar suas ideias e mudar de opinião ou ficar mais firme ainda em sua maneira de pensar, mas sem dúvida, cada um dos envolvidos neste processo saiu modificado, saiu melhor, pensou mais, refletiu, pôde compreender outras formas de ver uma situação, pôde ter acesso a modos muito diferentes de encarar a vida, uma notícia, um acontecimento.

O diálogo é transformador, ainda que não mude nossa forma de pensar. O diálogo nos fortalece enquanto grupo, comunidade, amigos, colegas de trabalho. Discordar faz parte dele. Concordar também.

Exercitemos o diálogo. Não deixemos esta ferramenta tão importante escapar de nossas vidas e de nosso dia a dia.

Encerro com um convite a reflexão: “A maioria das pessoas imagina que o mais importante no diálogo é a palavra. Engano: o importante é a pausa. É na pausa que duas pessoas se entendem e entram em comunhão.” Nelson Rodrigues

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