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Ah, eu não faço fofoca, só escuto. Eu conto ou vocês contam?

Vamos começar definindo fofoca, do dicionário: Fofocar – verbo intransitivo. Contar alguma coisa com a intenção causar intrigas; mexericar: fofocou sobre a vizinha. Contar as histórias secretas de alguém. Dialogar com alguém sobre outra pessoa; falar mal de alguém.

Posto isto, vale ressaltar que um diálogo pressupõe aquele que fala e o que escuta, aquele que dá atenção e que é o combustível para este comportamento tão danoso e cruel de falar de alguém. Quem faz uma fofoca, se não encontra uma escuta atenta e disposta a ouvir tudo, rir, eventualmente tecer um comentário ou outro, não tem razão para continuar, afinal só há espetáculo, se há plateia.

Você serve de plateia para fofoqueiro? Se a resposta for sim, então você é fofoqueiro, você se alimenta e alimenta o comportamento danoso, cruel de falar de outra pessoa, de inventar e de ouvir invenções sobre alguém, de falar da vida de uma pessoa, da qual você não conhece a história toda, não sabe as dores, as dificuldades e os problemas, mas você decide ser cruel, pequeno e baixo a ponto de servir de plateia para a maldada, maledicência, para a crueldade. É, você não difere muito de outro maldoso, outro ser humano cruel, outro desocupado que se alimenta de dores, de tristezas e de meias verdades, que não deixam de ser mentiras. Millôr Fernandes dizia que “Quando todo mundo quer saber é porque ninguém tem nada com isso.”.

E não é que estava certo? Quando você quer saber, quer escutar, quer ouvir, quer saber o que se diz sobre alguém, certamente você não tem nada com isso, preocupe-se com você, com sua vida, seus problemas.

Nelson Mandela conseguiu achar uma virtude em fofocar, para ele “Fofocar sobre os outros é certamente um defeito, mas é uma virtude quando aplicado a si mesmo.”, sim, fofoque com você mesmo, sobre si, sobre seus comportamentos, sobre o que pode melhorar, sobre sua maldade e crueldade em falar do outro, sobre sua preguiça, sobre suas traições, sobre seus defeitos mesmo, eles sim te concernem, pois te ajudam a melhorar e ser uma pessoa melhor, um ser humano menos cruel e menos ‘mexeriqueiro’.

Para a Psicologia as pessoas podem usar a fofoca como uma maneira para lidar com a inveja não tratada, sendo que isto é, na enorme maioria das vezes, parte de um processo inconsciente que operam para lidarem com os sentimentos nocivos que são nutridos pela inveja, pois, via de regras, não existem outras maneiras socialmente aceitas para que os indivíduos possam lidar com a “inveja”, ao passo que, para tratarem o desconforto causado em seu psiquismo por conta deste sentimentos, precisam eleger várias ferramentas, sendo que a fofoca parece ser uma delas.

Outro motivo para que uma pessoa se torne um fofoqueiro, pode ser a necessidade de denegrir a imagem de um concorrente. Esta parece ser uma das maiores artimanhas psicológicas que as pessoas passam, até mesmo de maneira inconsciente, pois a fofoca pode fornecer um “crivo” para comparação entre duas pessoas. Neste sentido, o fofoqueiro pode ser uma pessoa que, inconscientemente tenta competir com outra pessoa que ele julga, mesmo que inconscientemente, que seja seu concorrente.

E como lidar com a fofoca/fofoqueiro? Por mais que não existam receitas gerais para casos específicos, existem princípios universais que podem ser adotados diante de questões deste tipo. Por exemplo, a fofoca só tem poder na medida em que existe diante de uma rede de informações, ou seja, um passo para lidar com fofoqueiros seria quebrar esta corrente, não passando-a adiante: Muitas pessoas reclamam quando são alvo de fofocas, mas parecem incrivelmente tentadas a espalhar fofocas das quais não são protagonistas. Neste sentido, a melhor maneira de se lidar com uma fofoca/fofoqueiro é quebrando o elo da corrente de informações, não repassando os conteúdos para frente. Demarque sua posição: Mostre que você não é uma pessoa que está aberta para ser um mero transmissor ou receptor de fofocas. Isso pode até não te deixar impermeável para receber fofocas, mas irá te dar total legitimidade para condenar as que chegarem ao seu conhecimento. Gouveia, V. V., Sousa, D. M. F., Albuquerque-Souza, A. X., Sá-Serafim, R. C. N., & Gonçalves, C. M. T. S. (2011).

Encerro a coluna de hoje com um convite a reflexão: “A fofoca sempre está a serviço da inveja. Quanto mais invejosa for a pessoa, mais fofoqueira ela é…” Bárbara Coré

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