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Áh, a leveza …

Martha Medeiros, sabiamente diz que “a leveza é uma conquista da maturidade”. Fato! Tem total razão…

Passam-se os anos, acumulamos experiências, colecionamos sucessos e fracassos, muitas são as frustrações, muitas são as decepções, muitos são os momentos em que nos pegamos pasmos com as ações dos que nos cercam ou que apenas conhecemos.

O tempo, áh, o tempo, tão capaz de nos fazer enxergar tanta coisa, modificar outro tanto de coisas, reavaliarmos muitas de nossas certezas, muitas.

Conforme ficamos mais maduros (e não mais velhos), passamos a olhar para tudo o que nos permeia de outra maneira.

Buscamos estabilidade, não estabilidade no trabalho/emprego, mas estabilidade na vida. Buscamos nos relacionar com pessoas que nos ajudem a sentirmo-nos estáveis, isto é, pessoas leves, ou seja, pessoas que não estão dia e noite choramingando ‘suas misérias’, pessoas que não estejam o tempo todo em uma competição desenfreada com o mundo, ou ainda pessoas que consigam ser empáticas, que não se vitimizem, como se fossem um mártir.

Não é raro presenciarmos pessoas ‘competindo’ para ver quem está mais doente, ou com mais problemas, ou quem tem mais gente difícil ao seu redor; mas por que fazer isso?

Sobre doenças: todos adoecemos (com mais ou menos gravidade), sempre é uma surpresa, nunca esperamos e não é gostoso, para ninguém, mas passar por elas, enfrenta-las, buscar o equilíbrio e a saúde nos ajuda a valorizar a vida, a pensar com carinho em quem nos ama e em quem amamos, nos ajuda a pensarmos no interior das pessoas, percebemos que muita coisa é bobagem e que muitas discussões não nos levam a lugar algum.

Sobre problemas: eles aparecem o tempo todo, todo dia, mais de uma vez ao dia e solucioná-los nos faz mais fortes, mais versáteis, mais capazes, mais atentos.

Sobre pessoas difíceis … Elas existem e são muitas. Na atualidade, percebemos que as pessoas estão mais voltadas para si e seu bem-estar. Apenas seus problemas existem, só elas precisam ter problemas resolvidos …

Marie Eschenbach diz que “Na juventude, aprendemos; na maturidade, compreendemos.”, exatamente isso…

Antes da maturidade poderíamos cair em tentação de mostrar que reclamar da doença e viver em função do sofrimento que ela causa, não ajuda a passar por ela com suavidade e dignidade, porém, mais maduros, concedemos ao outro o direito de reclamar, de sofrer ‘alto’, de querer entender ‘porquê eu’. Maduros compreendemos que esta é a maneira que o outro está encontrando para enfrentar tudo o que passa.

Antes da maturidade, podemos querer que o outro perceba que problema não é exclusividade dele e que estes são grandes professores de jogo de cintura, perseverança, mudança de olhar, busca por soluções, treinamento de resistência e aprendizado sobre como lidar com frustração, mas, mais maduros, nos limitamos a ouvir e a tentar ajudar o outro a olhar o problema dele sob diversos ângulos.

Pessoas difíceis! O mundo é recheado delas. São várias, milhares muitas, espalhadas por todos os cantos. São ‘sabichonas’, sabem muito, não conseguem ver o outro e suas dores, veêm apenas a elas, têm dificuldades com a prática da empatia (capacidade de se colocar no lugar do outro, ver o mundo através dos olhos dele e procurar sentir como ele sente a experiência subjetiva que este vivenciou ou está vivenciando – Carl Rogers)… Quando maduros, não queremos mostrar que sabemos mais que os sabichões, não queremos provar que não são empáticos, pois a maturidade nos auxilia a ver o mundo através dos olhos do outro …

Quanto mais maduros ficamos, mais leves nos tornamos. Deixamos de carregar pesos desnecessários, paramos de reclamar daquilo que já é real, entendemos o outro e suas razões, porque tudo o que queremos é estar em paz, estar em harmonia e equilíbrio com as pessoas e com acontecimentos, mas sobretudo com nós mesmos.

Sendo maduros, valorizamos momentos leves, risadas espontâneas, beijos e abraços, amigos leais. Sendo maduros buscamos ser felizes, termos paz, solucionarmos problemas, termos saúde, sermos amados e amarmos com plenitude.

A maturidade nos torna leves e belos, como dizia lindamente Rubem Alves: “Somos as coisas que moram dentro de nós. Por isso, há pessoas tão bonitas, não pela cara, mas pela exuberância de seu mundo interior.”

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