A organização não governamental (ONG) Ação da Cidadania firmou parceria com a Confederação Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) e a Cáritas Internacional para o combate à fome em tempos de pandemia do novo coronavírus. A ação conjunta começou esta semana com a doação de 130 toneladas de alimentos não perecíveis para as dioceses locais da CNBB em nove estados (Rio de Janeiro, Ceará, Bahia, Minas Gerais, Mato Grosso do Sul, Paraná, Piauí, Rio Grande do Sul e Santa Catarina).
O diretor executivo da Ação da Cidadania, Kiko Afonso, disse que a Cáritas e a CNBB têm alcance grande e atuação muito forte em regiões mais vulneráveis. Além disso, lembrou que o fundador da Ação da Cidadania, o sociólogo Herbert de Souza, o Betinho, tinha relação estreita com a Igreja nas questões sociais.
As 130 toneladas de alimentos foram enviadas para as paróquias e dioceses onde a CNBB tem famílias cadastradas, além de populações indígenas. “São populações bem vulneráveis. E é uma distribuição nacional. Nós estamos indo de Norte a Sul do país e complementando a nossa rede agora com a CNBB/Cáritas”, afirmou Kiko Afonso. A partir de agora, sempre que tiver envio e entrega de alimentos, a CNBB/Cáritas será incluída na rede de comitês estaduais da Ação da Cidadania.
CBF
O diretor informou que na semana que vem será feita a distribuição da segunda etapa, resultante da parceria firmada com a Confederação Brasileira de Futebol (CBF), que conseguiu arrecadar quase 50 mil cestas de alimentos, das quais 25 mil já foram entregues. Essa segunda leva vai atender a todos os estados das regiões Nordeste e Centro-Oeste, mais o Rio de Janeiro, São Paulo e Minas Gerais. “A gente vai destinar uma parte para que os nossos comitês locais distribuam às dioceses na rede delas”. A CBF fez parte da doação a entidades que estão distribuindo em outras regiões, como o Sul do país, por exemplo, informou Afonso.
Segundo ele, a Ação da Cidadania criou grande rede de solidariedade, que conta com a participação da Organização das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura (FAO), o Programa Mundial de Alimentos (PMA), a Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco). A ONG já está em contato com o Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef) visando à atuação no Rio de Janeiro e em dois estados da Região Norte (Amazonas e Pará). “A ideia é fazer uma parceria mais institucional também com o Unicef no Brasil, para apoiá-lo na distribuição e no processo logístico, já que ele tem certa dificuldade em fazer a distribuição na ponta, e a gente tem as redes mobilizadas”.
Além disso, a Ação da Cidadania assinou termo de parceria com o Serviço Social do Comércio (Sesc), por meio do programa Mesa Brasil, visando à complementação de sua rede de distribuição, além de apoio mútuo na captação de alimentos no país”. Segundo Kiko Afonso, está se formando aí a maior rede de distribuição de alimentos, em termos de solidariedade, da América Latina.
Coronavírus
O secretário-geral da CNBB, dom Joel Portella Amado, disse que o coronavírus pôs às claras a triste realidade da fome em todo o mundo. “Revelou quem já padece cronicamente da fome e inseriu outros na mesma condição. Enquanto se busca desesperadamente um remédio contra o vírus, a solidariedade se manifesta como caminho para o enfrentamento da fome. Essa solidariedade passa pela união de pessoas e instituições”. Dom Joel acrescentou que um mundo diferente está sendo gerado em meio à pandemia. “Um mundo sem ódio, divisões, exclusão e fome. Nesse mundo, compaixão e fraternidade deverão ser princípios básicos, para os quais não é preciso esperar o fim da pandemia. Podemos começar já agora”.
Para Daniel de Souza, presidente do Conselho da Ação da Cidadania, a parceria com a CNBB é essencial neste momento em que a miséria e a fome estão em ascensão.“A CNBB, assim como a Ação da Cidadania, tem uma rede nacional que opera na ponta, com o público-alvo que hoje está sofrendo mais na pandemia. A união dessas duas entidades amplia o alcance da ajuda e da solidariedade, tão importantes hoje e mais ainda no futuro”. Destacou que a parceria que começa agora não tem data para acabar, da mesma forma que o combate à fome.